Ao 13º dia de viagem, chegamos ao Botsuana e rumamos a Ghanzi, entre a fronteira e o Delta de Okavango, a imensa área interior do Kalahari onde desagua a água do rio Okavango, que não chega ao mar, e cria assim uma paisagem única no mundo, possibilitando uma profusão de vida animal numa zona que seria, de outra forma, estéril e árida. À noite, tivemos direito a um óptimo jantar de "pap"(farinha de milho misturada com água) e carne estufada e, a seguir, um espectáculo de dança tribal à volta da fogueira, executada por membros da tribo San. Até eu dei alguns passos de dança apoiado num cajado!
No dia seguinte, depois de um "bush walk" de manhã cedo com os bosquímanos por companhia, chegamos finalmente à zona do delta, ficando acampados perto da localidade de Sepupa. O dia tinha sido longo em quilómetros percorridos, mas estávamos agora às portas dessa maravilhosa região de África. Posteriormente, apanhamos então um barco que atravessou os canais do delta levando-nos até Setonga, podendo observar-se crocodilos durante o caminho.
Depois de nos instalarmos no acampamento, demos uma volta de "mocoro", canoa tradicionalmente esculpida em troncos mas agora feita de fibra de vidro, observando alguns hipopótamos e dando um pequeno passeio numa ilha.
No dia seguinte, repetiram-se as actividades, com um passeio a pé ("bush walk") mais longo, onde pudemos seguir no encalço de uma manada de elefantes, e onde eu tive um encontro imediato de 3º grau com um desses gigantes! O encontro tão chegado não foi programado e até o guia fugiu! Não tive reflexos para fotos, infelizmente...
À tarde, os elementos mais corajosos do grupo aventuraram-se em lições de condução de mokoro, acabando todos na água! Objectivamente, as actividades no delta não foram muito diversificadas, e a área do delta explirada muito pequena, mas foram 2 dias muito relaxados, em que a cadência das mokoro ditava o ritmo do passar do tempo. O grupo era cada vez mais coeso, e o jogo "30 Seconds" fez as delícias daqueles mais competitivos, divertindo aqueles que jogavam e os que assistiam.
Na manhã seguinte, regressamos a Sepupa e reencontramos a Mama e o Gladman, de quem já tínhamos saudades. Dirigimo-nos para norte, atravessando novamente a fronteira para a Namíbia. Estávamos agora na Faixa de Caprivi, uma faixa estreita de terreno encaixada entre Angola e o Botsuana. Foi aí, nas margens do rio Okavango, que montamos acampamento e de onde partimos para um passeio de barco ao pôr-do-sol. Neste pudemos apreciar algumas cascatas de água neste rio que corre desde Angola e, a seguir, alguns crocodilos e hipopótamos que apreciavam os últimos raios de sol do dia. Foi um belíssimo final de dia, inundando-se o céu com tons laranja que se reflectiam no sereno lençol da água. Out of Africa...
No dia seguinte, percorreríamos a Faixa de Caprivi, em direcção à cidade de Kasane, às portas do Parque Nacional de Chobe. Passadas 24 horas, estávamos assim de volta ao Botsuana, e montamos acampamento nas margens do rio Chobe. O parque é mundialmente famoso pela sua população de elefantes, que ronda os 50000, e o cruzeiro que fizemos a seguir presenteou-nos com uma exibição de vida selvagem fora do comum. Apesar dos barcos serem muitos, e o nosso estar apinhado de gente, isso não diminuiu a experiência de observar tantos animais, entre os quais elefantes, búfalos, e hipopótamos, no seu ambiente natural, particularmente em pequenas ilhas do rio Chobe.
Mas a diversidade do Parque Nacional de Chobe não se fica por aqui, como pudemos comprovar na madrugada do dia seguinte, em que percorremos alguns quilómetros dentro do parque, ao longo das margens do rio. Girafas, kudus, gazelas e um grupo de leoas com uma cria, sentadas à sombra de uma árvore, o qual observamos a uma distância que a mim me pareceu perigosamente curta, fizeram as nossas delícias e aguçaram o nosso apetite para futuras explorações.
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