O monumental Mausoléu de Atatürk em Ankara

A bandeira turca tremula no pátio do imenso Mausoléu de Atatürk, em Ankara

          É impossível passar uma temporada na Turquia e não ouvir ou ler o nome Atatürk. Já na chegada ao país nos deparamos com ele de duas formas: aparece quando se aterrissa no aeroporto de Istambul, que leva o seu nome, e  ao trocarmos o dinheiro, pois sua efígie consta em todas as notas de lira turca. Seu nome se confunde com a história moderna do estado turco. Mas afinal, quem foi Atatürk?

          Mustafa Kemal  consolidou seu nome como herói ao comandar as forças turcas na famosa Batalha de Galípoli  na Primeira Guerra Mundial. Entretanto, a Turquia foi um dos perdedores da Guerra e teve grande parte do seu território tomado pelos Aliados. Kemal liderou então a chamada  Guerra da Independência, ocorrida após o fim do Império Otomano e encerrada em 1923, quando a Turquia retomou vários territórios, particularmente os ocupados pela Grécia.  O ano de 1923 marcou ainda a proclamação da República, e Kemal se tornou presidente, governando a Turquia por quinze anos e vindo a falecer aos 57 anos em 1938 no Palácio Dolmabahçe, em Istambul, retratado no post anterior. Foi durante a presidência que Kemal adotou o sobrenome Atatürk , que significa "pai dos turcos". O governo de Atatürk promoveu uma ampla reforma social, cultural e política no país, o transformando por completo. Entre outras ações, ocorreram o fim do sultanato, a separação entre estado e religião, a adoção do alfabeto latino no idioma turco (até então escrito em caracteres árabes) e a reforma dos códigos penal e civil. Além disso, seu governo encorajou a adoção de vestimentas ocidentais, promoveu  a ampliação dos direitos da mulher e a adoção obrigatória de sobrenomes, contribuindo de forma definitiva para a modernização do país.
     

          Atatürk é homenageado por um gigantesco mausoléu totalmente dedicado a ele em Ankara, a capital do país por ele estabelecida. O mausoléu, 'Anıtkabir' no idioma turco, começou a ser planejado logo após a sua morte, sendo projetado por arquitetos turcos e inaugurado em 1953. O museu foi aberto a visitação sete anos mais tarde.
         
          O complexo se situa em uma vasta área de 750.000 m², sendo 120.000 ocupados por edificações, correspondendo o restante ao Parque da Paz. O prédio principal contém a tumba de Atatürk, colocada sob um sarcófago no chamado Hall de Honra, localizado no salão principal. O sarcófago está rodeado por um octógono com vasos de terra proveniente de todas as regiões da Turquia e da parte turca do Chipre.
     
       Uma exposição permanente nos mostra os feitos de Atatürk, acompanhando a evolução da história turca neste período, com uma seção exclusiva para as batalhas da Guerra da Independência e outra para o período do seu governo. Somente após visitar este monumento é que podemos entender a importância de Atatürk para a Turquia  e a reverência e respeito pelo seu povo, decorridos mais de setenta anos do seu falecimento. Outro sinal desta importância  é o assombroso número de visitantes do Mausoléu, que já ultrapassou os dez milhões anuais. No septuagésimo aniversário de sua morte em 2008, centenas de milhares de pessoas compareceram à cerimônia no pátio do Mausoléu e o país literalmente parou por dois minutos em sua homenagem.
    

O mausoléu

           O conjunto de edifícios é alcançado em cerimônias oficiais através do Caminho dos Leões, uma aleia de 262 m de extensão. Segundo o  folheto distribuído no Mausoléu, o Caminho foi construído para preparar os visitantes para a presença de Atatürk. É ladeado por 24 estátuas de leões, esculpidos no estilo dos hititas, o povo que habitou a antiga Anatólia, e escolhidos por simbolizar poder e resistência na mitologia turca.


Caminho dos Leões, conforme foto no folheto distribuído no Mausoléu

Réplica em cera de Atatürk em seu escritório, conforme foto no folheto

         Além do Mausoléu, a capital da Turquia é uma cidade de poucas atrações. Antes de ser escolhida como capital, Ankara era uma pequena  e antiga cidade encravada no centro da Anatólia, a península que forma a Turquia asiática. Há lendas da sua fundação pelo Rei Midas. Ankara era mais conhecida como a terra original do gato angorá (a designação da raça deriva mesmo do nome da cidade) e tinha somente 35.000 habitantes em 1920, quando foi provisoriamente designada capital, substituindo uma Constantinopla ocupada na guerra. Três anos mais tarde, Atatürk a efetivou como capital e um novo setor foi construído para conter as instituições públicas. Hoje, Ankara é uma metrópole moderna repleta de arranha-céus, a segunda em população da Turquia, com  4.400.000 moradores. Foi portanto objeto de um crescimento fenomenal, de certa forma análogo ao que aconteceu com Brasília. A sua expansão seguiu conforme planejado até a década de 50, mas depois o crescimento da cidade "explodiu".

          A cidade antiga ainda existe, e lá fica sediado o Museu das Civilizações Anatólicas, voltado para a história das civilizações turcas desde o período paleolítico. O museu, um dos principais da Turquia, ocupa dois prédios históricos. As esculturas hititas constituem também algumas de suas maiores atrações.

       Ankara pode ser  encaixada num roteiro de visita à Capadócia. Duzentos e setenta quilômetros separam a região da capital turca. Foi o que aconteceu com o pacote que contratamos. Amanhecemos no hotel na Capadócia, viajamos para Ankara por rodovia, conhecemos a cidade durante a tarde e tomamos um avião para Istambul à noite no Aeroporto de Ankara.

        Falando na Capadócia, o próximo post desta série mostrará as incríveis atrações desta região de paisagens insólitas e deslumbrantes.

Post publicados no blog sobre a Turquia:

• Passeio de barco pelo Estreito de Bósforo
• Istambul: Gálata e Dolmabahçe
• Passeio de balão na Capadócia
• As paisagens lunares da Capadócia