Depois de termos andando de camioneta durante horas e percorrido mais de 400 Km (desde Pamukkale e com apenas duas paragens pelo meio, uma delas para almoço) chegamos à cidade de Konya, uma das cidades mais conservadoras do país (notou-se pela quantidade de lenços, em número superior aos dos outros locais, usados pelas mulheres). E apesar da viagem ter sido literalmente uma "seca" com tantos terrenos áridos e vazios, o supreendente (e mais bonito) foi mesmo o número de mesquitas vistas, pelo caminho.
Konya é uma das cidades mais importantes de peregrinação, na região da Anatólia Central, onde está o santuário ou Museu Mevlana (também é conhecido por Mausoléu Verde ou Dome Green, devido à cor da cúpula cilíndrica bem visível, o cartão postal da cidade) que contém o sarcófago de Mevlana (também designado por Rumi), o sufi fundador dos Dervixes. O sufismo é uma corrente mística e comtemplativa do Islão, que professa a religião Muçulmana, mas os seus ideais pelo amor ao próximo, o direito à liberdade religiosa, a liberdade da mulher e a união a Deus através da dança, da tolerância, da compreensão e da misericórdia são bem diferentes dos Muçulmanos Ortodoxos.
Museu Mevlana
O santuário é sagrado e atrai milhão e meio de peregrinos por ano. Na entrada deste, existe um local designado por fonte das abluções que permite a lavagem da cara, pés, antebraços e mãos, pelos fiéis, antes de entrarem neste espaço sagrado, assim como é proibido o uso de sapatos, por todos (como em todas as outras mesquitas).
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Parte superior da fonte das abluções |
No Museu Mevlana (aberto em 1927) estão os túmulos das figuras mais importantes dos Dervixes, assim como alguns dos instrumentos musicais e roupas pertencentes a Mevlana. Junto ao museu, está um cemitério e vimos ainda as típicas casas do período otomano.
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Cemitério |
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Casa Otomana |
No caminho para a Capadócia, passamos por uma antiga rota da seda, um caminho utilizado por caravanas de camelos que transportavam mercadorias da Ásia para a Europa, visto este país ter uma situação geográfica privilegiada (o de se situar entre dois continentes), uma das razões para a existência dos caranvasais, locais utilizados para o descanso de homens/animais e de defesa contra assaltos.
Visitamos o caranvasai "Sultanhami" um dos maiores e mais conhecidos da região com 8 séculos de existência, restaurado por várias vezes e com muitos objectos bem antigos. A parte frontal é feita em mármore.
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Pormenor do karanvasai |
Vimos, ainda, um extinto vulcão: o Argeu que domina a paisagem com 3917 m de altura!
Já era bem de noite quando chegamos ao hotel na Capadócia, num cenário único e bem surreal. Depois do jantar, fomos ver o espectáculo dos Dervixes, neste local:
Estes realizam rituais de dança e possuem roupas cheias de simbolismo. Por exemplo, o chapéu cónico representa a pedra tumular e o manto negro a própria tumba. Depois de retirarem a capa, eles procuram aliar-se a Deus e juntar-se ao Universo, num estado profundo de transe, ao rodopiarem em torno do seu próprio eixo, durante vários minutos (são algumas sequências de 10 minutos cada). A mão direita aponta para cima para receber a vontade de Deus e a mão esquerda aponta para baixo, para a distribuir na terra, uma experiência deveras espiritual e muito envolvente.
Aí está uma imagem oferecida pela nossa guia, já que não era permitido tirar quaisquer fotos, durante o "espectáculo".
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