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A caminho de Þingvellir |
Dediquei os dois últimos dias de visita a conhecer o interior da Islândia, onde a natureza aparece em todo o esplendor e beleza, em paisagens únicas.
O primeiro destes roteiros é o mais tradicional do país, o Golden Circle. É composto de três fantásticas atrações naturais localizadas num trajeto em círculo na periferia de Reykjavik, e pode ser facilmente feito em carro alugado ou a bordo das inúmeras excursões diárias que saem da capital.
O passeio se inicia com o Parque Nacional Þingvellir (a letra inicial equivale ao th do inglês thin), local de importância suprema para a história islandesa e Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Aqui se situa a fenda tectônica que separa as placas da Europa e da América. Na realidade, este encontro das placas tectônicas leva à instabilidade geológica da ilha e é a razão das constantes erupções vulcânicas e terremotos que agitam a Islândia. A fenda é tão larga em alguns trechos que se pode caminhar por ela, e vem afundando e alargando alguns centímetros adicionais ao longo dos anos. A sua localização junto ao lago Þingvallavatn, o maior da Islândia, propicia um conjunto único e bastante fotogênico, em meio à paisagem semidesértica.
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A falha tectônica no Parque Þingvellir, margeando o lago Þingvallavatn |
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Caminhando por Þingvellir |
Para complementar, era aqui que se localizava o antigo e democrático parlamento islandês entre os séculos X e XVIII, chamado de Alþingi. A cada mês de junho, os chefes locais acampavam na região da fenda e tomavam as decisões legislativas e judiciais importantes para o ano. Um mastro com bandeira demarca a Pedra da Lei, de onde eram feitos os pronunciamentos. Ali também eram decididas eventuais punições, incluindo exílios para os casos mais graves, e durante certo período, afogamentos no vizinho rio Öxará.
A Islândia caiu sob domínio norueguês e posteriormente dinamarquês e a importância do parlamento foi sendo paulatinamente esvaziada até sua desativação em 1800; entretanto, foi reinstaurado na segunda metade do século XIX em Reykjavik, onde se encontra hoje. Quanto à independência da Dinamarca, só ocorreu em 1944, em plena Segunda Guerra. Note-se que regiões próximas como a Groenlândia e as Ilhas Faroe continua ligadas à Dinamarca até a presente data.
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O antigo Alþingi, com o mastro demarcando a Pedra da Lei |
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Panorâmica do parque, a partir da Pedra da Lei . As casas brancas em destaque são a residência de verão do Presidente da Islândia |
Em seguida, conhecemos as cataratas mais famosas do país, Gullfoss, palavra que significa ‘Cascata Dourada’. São quedas de 32 metros no rio Hvitá em duas etapas, que impressionam pelo volume e pela curva de noventa graus feita pela água ao seguir pelo longo cânion abaixo, dando a sensação sob certos ângulos de que as águas caem em um buraco e somem, como mostra a foto abaixo. As cascatas podem ser apreciadas de dois platôs. Junto ao platô superior está o restaurante onde almoçamos uma saborosa sopa de carneiro.
Este maravilhoso cenário quase desapareceu. No início do século passado, houve planos para gerar eletricidade com a construção de uma hidrelétrica que acabaria com as quedas. Felizmente, após grandes protestos liderados pela própria filha do dono do terreno, esta ideia foi abandonada e hoje toda a região é protegida pelo Governo.
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Cataratas Gulfoss |
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Cataratas Gulfoss por um ângulo alternativo |
A terceira e última atração maior é a região geotermal dos gêiseres, Haukaladur. Aliás, o principal gêiser da região, Geysir, denominou mundialmente o fenômeno. Hoje, seu jorro é muito irregular, estando quase extinto devido a um terremoto ocorrido há alguns anos. Outro gêiser no local – Strokkur - faz a felicidade dos turistas, lançando água fervente com intervalo de alguns minutos a trinta metros de altura. Considerei esta a atração mais fraca do roteiro, pela sua similaridade com gêiseres de outros continentes. A chuva abundante que caiu nesta hora pode também ter contribuído para esta impressão.
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O borbulhante "Pequeno gêiser", antes da chuva cair |
Visitamos ainda a cratera vulcânica
Kerið, com um lago de azul intenso a 55 metros de profundidade (confira a foto publicada no post que abre a série).
Há oportunidade para outras paradas breves no caminho – uma delas para fotografar os exóticos cavalos islandeses, menores que os cavalos comuns, mas fortes e mansos, tendo crina bem desenvolvida com tom de coloração diferente do pelo do corpo. São bastante utilizados para trabalhos em fazendas e na equitação, uma das atividades favoritas no país. Há uma forte preocupação com a preservação destes animais, e caso um cavalo deixe a ilha, é impedido de voltar, para evitar o contágio com doenças de fora.
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Os cavalos islandeses à beira da estrada |
Uma impressão marcante que ficou foi a vista na volta à capital, do alto da estrada, de onde se descortina todo o vale desta região com inúmeras nuvens de fumaça saindo da terra, correspondendo às fontes geotermais de vapor. Por sinal, a palavra Reykjavik significa “baía fumegante”.
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Rio Öxará com algumas fontes de vapor ao fundo |
No próximo post, encerrando os relatos sobre a viagem à Islândia, falamos da costa sul da ilha, que possui paisagem bastante distinta da região do Golden Circle.
* Este é o quarto de uma série de cinco posts sobre a Islândia. Para visualizar os demais, acesse: Islândia, um país diferente.
Postado por Marcelo Schor em 17.01.2012
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