Dicas para viajar de trem na Alemanha
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Dicas para viajar de trem na Alemanha


Placa indicativa da estação ferroviária de Schluchsee, na Floresta Negra

          Na Europa Ocidental o trem normalmente é o meio mais eficiente para se locomover entre cidades em distâncias pequenas ou médias (eu diria até umas quatro horas de trajeto; mais do que isso fica cansativo). O trem provê conforto, rapidez, tem poucos atrasos em países como França e Alemanha, costuma ser mais barato que o avião, e o melhor, suas estações - com algumas exceções - ficam muito bem localizadas, em pleno centro das cidades. De quebra, algumas são verdadeiras monumentos arquitetônicos, como a Hauptbahnhof de Berlim. E finalmente, a bordo de um trem você ainda pode passar por locais bem bonitos durante sua viagem.

          Tendo publicado muitos posts neste blog sobre a Alemanha, considero o país um dos destinos mais interessantes para se visitar. Em todas estas viagens, sempre usei o meio ferroviário para me deslocar. Tanto a Alemanha quanto a Suíça (outro país em que se locomover de trem é ultravantajoso, e sobre o qual publicarei posts em breve) possuem uma vantagem adicional: os passes ferroviários, que podem proporcionar descontos fenomenais nos trajetos se bem aproveitados. Uma outra consequência: caso eu planeje visitar as cidades próximas em bate-voltas ferroviários, sempre procuro me hospedar perto da estação, para maximizar o tempo dos deslocamentos.

A estação de Mittenwald nos Alpes bávaros

        Para começar, o transporte ferroviário alemão é dividido em quatro categorias:
    Com relação aos trens propriamente ditos (as duas últimas categorias), existem alguns meios para se adquirir a passagem:
  • Comprar a passagem na própria estação. Neste caso, paga-se o valor cheio, e o método mais rápido é adquirir os bilhetes das máquinas existentes no hall.  Os menus não são difíceis de entender e estão disponíveis em inglês. Podemos reservar o lugar pagando-se alguns euros adicionais. Não se incomode se chegar ao seu lugar reservado e encontrar alguém sentado lá. É comum e basta falar (ou apontar) que aquele é seu lugar. A pessoa se levantará e procurará outro canto. Particularmente, reservo sempre o lugar quando viajo em trens rápidos ou inter-regionais carregando malas entre cidades. Acima dos lugares existe um display indicando o trecho da viagem para o qual estão reservados, e acho muito chato ficar olhando cada lugar vago com o display aceso e verificar se posso ou não sentar, ainda mais se estiver carregando peso. Além do mais, os trajetos das linhas  costumam ser quilométricos e muitas vezes fica difícil adivinhar se o trajeto constante do display de reserva está dentro do seu percurso ou só se iniciará após sua descida.
  • Se encontrar alguma dificuldade na máquina ou não quiser receber toneladas de moedas em caso de só ter notas de valor elevado, você pode comprar a passagem no centro de atendimento da estação. Mas prepare-se para pagar um adicional  pelo serviço, atualmente €2.  
  • Um jeito certo de economizar é comprar as passagens pelo site da Deutsche Bahn (a companhia ferroviária alemã), o www.bahn.de/en. Para passagens compradas com até 92 dias de antecedência, o site oferece grandes descontos. Quanto maior a antecedência, maior o desconto. Como exemplo, em janeiro uma passagem de Munique para Nuremberg para meados de abril tinha como preço cheio €55, mas podia ser adquirida no site por €29. O site apresenta os dois preços para comparação e também é ótimo para listar os horários de trens. O lado negativo é você ter que marcar o horário em que vai viajar, o que é uma limitação para quem gosta de flexibilidade nos horários e roteiros. Em algumas ocasiões, o site ainda oferece passagens conjugadas de trem e ônibus (reconhecível pela palavra Bus ou pela estação de origem/término ZOB, sigla em alemão para terminal de ônibus).
          Quem comprar a passagem por cartão não pode esquecer de levá-lo a bordo. O fiscal necessitará passar o cartão numa máquina para comprovar a transação.

           Na maioria das plataformas das estações há um quadro com o desenho esquemático dos vagões dos trens das principais linhas que param naquela plataforma, junto com a indicação da seção da plataforma na qual cada vagão vai parar. Esta informação é muito útil para quem reservou o lugar, para poder se antecipar e se posicionar na área correta da plataforma antes mesmo de o trem chegar. E não custa lembrar - caso não tenha reservado o lugar, verifique antes de entrar se a classe do vagão é a primeira ou a segunda pelo número pintado no exterior do vagão.

Trens rápidos alemães com o "DB" característico - fonte: wikipedia

         Os passes ferroviários alemães podem significar uma economia considerável. Neste caso o ideal é verificar o valor do passe e pesquisar cada trajeto que você pretende fazer no site da Deutsche Bahn e comparar os valores. Existe o passe nacional, German Rail Pass, que vale para todo o território alemão e funciona mais ou menos nos moldes do suíço Swiss Pass. Se você for utilizar bastante o trem durante vários dias passando por mais de um estado, este é o passe ideal para adquirir.

         Menos conhecidos (e muito úteis) são os passes regionais, Ländertickets, que normalmente têm validade para cada estado. O Bayern Pass, por exemplo, vale para todo o estado da Baviera e alcança até cidades fronteiriças como Salzburgo, na Áustria. Os passes regionais são comprados com validade de um dia e possuem algumas limitações: só podem ser usados em trens regionais e nos dias úteis, só após as 9 da manhã; no fim de semana, o uso não tem restrição de horário. Podem ser comprados para uso simultâneo por vários viajantes (até cinco), quanto maior o número mais barato fica por pessoa. Sou fã desses passes regionais - já usei o Bayern Pass para me deslocar até Mittenwald e o Baden-Württemberg Pass para percorrer a Floresta Negra. Numa outra vantagem, os passes regionais dão acesso gratuito a outras formas de transporte como ônibus e metrô.
     
          Todos os passes podem ser adquiridos com antecedência no site da Deutsche Bahn ou na hora, nas estações.

Vale do Reno em foto tirada do trem no trajeto de Frankfurt a Luxemburgo

    Para finalizar, dois casos curiosos que me vêm à memória nas andanças em trens alemães:
  • Quando estava indo de Würzburg para Baden-Baden, o trem repentinamente parou e o locutor deu uma explicação em alemão. Conheço algo do idioma, mas achei que tinha entendido errado e questionei a minha vizinha de poltrona. Ela confirmou: um ladrão estava a bordo e a polícia o estava procurando. O mais engraçado, não houve qualquer burburinho, todos no vagão aguardaram quietos - acho que só eu me senti num filme de Hitchcock. Muitos minutos depois, o trem recomeçou sua jornada sem que eu tivesse avistado algum ladrão ou policial e sem qualquer aviso do epílogo do episódio. Claro que perdi minha conexão em Frankfurt, mas como estava usando o German Pass, não houve contratempos e embarquei no trem seguinte.
  • Já quando viajei de Berlim a Hamburgo há pouco mais de um ano, me hospedei num hotel perto da Alexanderplatz, no centro de Berlim. Já havia comprado a passagem pelo site da Deutsche Bahn e planejei me locomover do hotel à Hauptbahnhof utilizando um trem S-Bahn. Não é que foi só eu entrar no S-Bahn na estação Alexanderplatz para o trem quebrar e o locutor anunciar a paralisação das linhas? Me senti no metrô carioca. Quando a próxima composição conseguiu entrar na estação, já não dava tempo para alcançar a estação central e embarcar no trem para Hamburgo. O que fiz? Fui até a central de atendimento da estação metroviária e expliquei a situação. A simpática atendente carimbou minha passagem e escreveu nela uma explicação. Uma hora mais tarde, peguei o trem seguinte para Hamburgo na Hauptbahnhof, o fiscal a bordo leu a explicação e não houve problemas.
Escultura na entrada da moderníssima estação central (Hauptbahnhof) de Berlim


Obrigado ao Carlos Alberto Marques pela sugestão do post.


 Publicado por  Marcelo Schor  em 12.02.2014 




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