Riad... mas que raio é uma
riad? Isto foi o que me questionei quando comecei à procura de alojamento para ficar em Marrocos. Grande parte dos lugares publicitavam-se como sendo autênticas
riads. Lá pesquisei e descobri que uma
riad é uma casa típica marroquina com um jardim e pátio interior. Gostei do que li. Resolvemos, assim, experimentar ficar alojados em várias
riads.
A nossa primeira, em Fez, era propriedade do Steve, um inglês muito simpático que trocou o luxo da vida londrina pela adrenalina marroquina. O Steve adquiriu uma
riad no seio da medina de Fez e converteu-a numa casa de hóspedes, a
Dar Houdou Guesthouse.
A casa só tem 3 quartos e por isso o atendimento é altamente personalizado. Quando chegamos a Fez já era noite e o Steve mandou buscar-nos à estação de comboio e esperou por nós. Este lugar parece um sonho. O nosso quartinho é um luxo! Azulejos típicos de Marrocos (padrão igual aos da Merdesa El-Altarine), uma cama MUITO melhor do que a que temos em casa(!) e uma janela ornamentada com estruturas em ferro voltada para um pátio interior onde existe uma pequena fonte. O nosso quarto é no primeiro andar da
riad, mas no terceiro temos um pátio no telhado onde podemos ver os minaretes das mesquitas que nos rodeiam. O lugar é perfeito (embora um pouco caro para o nosso
budget) e compensou cada centavo que pagamos. Ao pequeno-almoço Mohamed, o empregado (que era um "pão"- daí o pão ser sagrado em Marrocos), serviu-nos uma refeição de "bradar aos céus": melôa alaranjada, pão marroquino, cacetes, chá marroquino, queijos, manteigas, compotas, bolinhos marroquinos, leite, café e um sumo de laranja natural inigualável. Estavamos no paraíso? Parece que sim...
Embora só tivessemos estado em Fez duas noites, tanto o Steve como o Mohamed, fizeram-nos sentir em casa e trataram-nos tão bem que não tinhamos vontade nenhuma de ir embora. Foi, concerteza, uma óptima experiência e um dos melhores lugares onde ficamos até hoje.
Se a nossa primeira experiência tinha corrido bem... o que dizer da segunda? Em Meknes, alojamo-nos na
Riad Zahraa e descobrimos que uma
riad pode ser mais do que uma casa típica de Marrocos! O termo
riad também é aplicado a palácios que são utilizados como residência. E era, a Riad Zahraa era um palácio convertido em alojamento turístico. Uma espécie de de unidade de turismo de habitação no meio da medina de Meknes. O nosso quarto situava-se no rés-de-chão e tinha uma porta dupla que abria directamente para o pátio e jardim interior.
Um quarto que parecia saído do filme
Sherazade... um sonho das mil e uma noites! Todo o pátio era rodeado por uma espécie de casúlos ornamentados ao bom estilo árabe e bem decorados onde existem mesas e sofás. Estas mini-salas são os locais onde tomamos mais um delicioso pequeno-almoço com pão marroquino e regado com o magnífico sumo de laranja.
Também aqui temos um pátio no terraço e, mais uma vez uma vista privilegiada. Embora o dono (ou empregado não ficamos a saber) seja um bocado "melga", as senhoras eram muito simpáticas e o lugar encantador.
Já em Marrakech nova
riad - a
Douarskoll Guesthouse. Aqui, no seio da medina, encostados à mesquita Mousaline (comprova-se que as chamadas para as orações nocturnas não são um mito urbano) estavamos numa casa mais modesta mas autêntica, com paredes caiadas de branco tosco e um conjunto de quartos que rodeiam o pátio interior.
Desta vez não há rendilhados, nem ornamentos e azulejos, mas o nosso quarto dispõe de uma salinha e uma casa de banho. Parece uma habitação bérbere. Mais uma vez um terraço... com uma vista sobre os telhados da medina de Marrakech.
Entre a nossa primeira
riad em Marrakech e a segunda fizemos uma viagem pelo sul de Marrocos. Como essa viagem era organizada alojamo-nos nos hotéis escolhidos pela agência. Não eram maus, alguns até tinham uma piscina no meio do deserto, como o de Zagora (La Palmerie), ou uma paisagem claustrofóbica no interior da garganta do Dadés.
Mas, nenhum hotel superou aquela tenda magnífica onde dormimos no Erg Chebbi, no deserto do Sahara, com o vento a entrar pela porta e a areia a embater nas lonas. Mais uma vez, o paraíso. Que sensação maravilhosa a de dormir no deserto! Sem cama (coisa que já estamos habituados), sem paredes, sem porta mas com muito carácter e muita sensualidade, a vida no deserto é encantadora.
Quando chegamos desta aventura esperava-nos a última riad, a Riad Marrakech Rouge. Como o próprio nome indica, uma riad com paredes vermelhas, um ambiente muito zen e um quarto voltado para o pátio interior. Desta vez não tivemos grande sorte com a cama (não se pode ter tudo) mas o local era bonito e bastante popular entre os backpackers. A Francesca, a dona, era muito simpática e estava sempre disponível para ajudar.
De riad em riad fomos aprendendo e percebendo um bocadinho mais sobre a cultura deste país. Fomos conhecendo diferentes influências e percebendo a importância do convívio social para este povo que centra no seio da sua habitação um pátio onde "confraternização" é a palavra de ordem.