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Bairro Mei Shearin - Um bairro judeu ortodoxo em Jerusalém
Na nossa estada em Jerusalém resolvemos experimentar algo novo: UMA VIAGEM NO TEMPO! À partida pode parecer utópico (embora o Rui, enquanto físico, ache que não) mas foi isso que sentimos quando resolvemos visitar o Bairro Mei Shearin. Uma comunidade de judeus ortodoxos fixou-se aqui aquando da criação do estado de Israel e mantém um estilo de vida que conservou desde a sua vinda da Europa de Leste no início do século XX.
Muito próximo do centro da cidade nova, o bairro exibe à entrada vários avisos solicitando às pessoas para se vestirem convenientemente, proibindo t-shirts e calções nos homens e nas mulheres calças, saias curtas e camisolas de alças.
Escolhemos a sexta-feira de manhã para visitar o bairro porque, ao que parece, a população anda num autêntico alvoroço a preparar-se para o Shabbat que começa nessa tarde. Foi uma óptima opção.
Quando chegamos ao bairro ainda era bastante cedo por isso só andavam alguns anciãos nas ruas e algumas mães e pais que levavam as crianças à escola. À medida que o tempo foi passando, as lojas começaram a abrir, as padarias a expor os doces de Shabbat e as pessoas saiam à rua. Percorrer estas ruas foi como estar em Cracóvia antes da II Guerra Mundial. Era como se visitássemos um museu ao ar livre. As mulheres vestem todas de negro, saias compridas, casacos ou camisolas longas e de mangas completas, meias-calças pretas opacas e sempre com o cabelo tapado por um lenço escuro atado na nuca. Os homens vestem o traje tradicional judeu e exibem carrapitos encaracolados bem longos. Alguns usam calções compridos com meias calças pretas. Até as crianças são exemplos em miniatura dos adultos.
Os judeus ortodoxos do Mei Shearin não são Sionistas (movimento político que defende a criação de um estado judaico e auto-determinação do povo judeu) e recusam-se a aceitar a criação do estado de Israel. Rejeitam a criação de um estado judaico até à vinda do Messias. Sendo assim, recusam-se inclusive a pagar impostos e vivem ostracizados num bairro que se assemelha a um gueto.Os cartazes espalhados pelos taipais de madeira anunciam que não são sionistas, que não gostam que perturbem o seu modo de vida e provavelmente muito mais, mas como estava em Hebreu não conseguíamos perceber. No entanto, também na questão linguística existem diferenças entre os judeus do estado de Israel e os de Mei Shearin. Aqui, falam um dialecto Yiddish trazido da Europa de Leste.
Pautando-se por uma observância rigorosa da Tora e Lei Judaica, o estilo de vida desta população está muito longe da vida moderna. Os telemóveis praticamente não existem, assim como televisões e rádios. O contacto com a tecnologia é mínimo.
Embora isolados (por opção) não gostam muito de ter visitas por aqui porque sabem que são diferentes e isso atrai atenções. Com o devido respeito, fiz uso das lentes da minha máquina fotográfica e fartei-me de tirar fotografias dum dos lugares mais fascinantes em termos culturais onde já estive.
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