Atentado em Paris: entre liberdade, adaptação e escolhas
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Atentado em Paris: entre liberdade, adaptação e escolhas


Ontem foi um dia muito triste aqui na França, os franceses estão horrorizados diante de tanto ódio e violência. 

Esse blog não é político e até evito de entrar nesse assunto por aqui para não ser mal-interpretada, mas a liberdade de imprensa, do humor e a liberdade por si só é sagrada! 

Tem sempre alguém que critica a França com base no seu passado colonial, mas há muito tempo se trata de um país de liberdade que acolhe refugiados do mundo inteiro. Ninguém aqui é impedido de exercer a sua religião, existem lugares de culto para tudo que é crença. 
Todo mundo tem direito à escola, as universidades são gratuitas, existe "bolsa-familia" e ajuda para tudo que é tipo de problema e dificuldade financeira. 

Em uma das escolas em que trabalha o meu marido (bem no centro de Paris e a alguns quarteirões do atentado), as crianças falam 60 linguas diferentes e recebem uma educação de muito boa qualidade.

Para muitos brasileiros que não vivem aqui na França talvez seja difícil de entender o posicionamento do tal Jornal, mas o que é bom saber é que não é imprensa sensacionalista, mas sim um jornal de qualidade, inteligente e muito respeitado. Mesmo se não concordo com tudo o que eles faziam (não tenho humor nenhum), felizmente ainda existem alguns jornais assim, pois imaginem de todo jornalista/desenhista/caricaturista/artista não dissessem o que pensam por medo de represálias?

Inclusive eu sempre insisto que muitas reportagens vindas de países extremistas são totalmente tendenciosas, pois justamente muitos jornalistas, por medo (ou falta de opção, vai saber), mostram apenas um lado da história, como criancinhas feridas gravemente ou mortas, para penalizar o mundo inteiro para a sua causa.

Estou aqui na França há 6 anos e posso dizer que como estrangeira nunca sofri nenhum tipo de discriminação direta. Isso nunca me impediu de estudar, de trabalhar, de ser promovida. 

Vejo tantos estrangeiros (ou filhos/netos de) que se vitimizam e se consideram discriminados por tudo. Uma colega afro-descendente repetia que não era promovida porque era negra, mas na verdade o trabalho dela era muito ruim, ela cometia erros básicos TODOS os dias e a chefia não podiam confiar nenhuma tarefa importante para ela, pois ou ela não fazia, ou fazia mal. Promover uma pessoa assim?

Igualmente uma outra colega de origem estrangeira (hoje ela tem a nacionalidade francesa, mas nasceu em outro país) se sente vitima de tudo e acha que as pessoas não gostam dela porque ela tem um sotaque muito forte. Mas ninguém gosta dela porque ela é fofoqueira, inventa história, e ainda chora e faz crise por tudo! Ela tem fama de "chata" e por isso ninguém a suporta, não tem nada a ver com o fato de ser estrangeira.

Muitos que chegam aqui, independente de onde vieram, se isolam, não aprendem a lingua corretamente e desta forma vivem às margens da sociedade. Outros, felizmente, se esforçam bastante a se incluirem nessa nova sociedade. Eh fundamental aprender a língua.

Entendo que para quem chega aqui adulto pode não ser nada fácil, mas então deve ao menos haver uma vontade de se integrar se eles realmente têm a intenção de viver aqui, e acima de tudo uma grande preocupação para que os filhos se integrem nessa sociedade e falem corretamente a língua.

Minha receita? Aprender a lingua, interessar-se pela cultura e história do país em que vivemos e evitar de viver fechada no meu mundinho, ou seja, abrir-se para os outros, independente da origem de cada um. Isso passa até por abrir a boca e provar tudo que é tipo de comida (posso participar de qualquer almoço de trabalho ou seminários na empresa, posso ir jantar na casa de amigos judeus ou muçulmanos, como muito bem nas casas dos franceses, posso ir a um restaurante vegan com amigos ecologistas e nem por isso sou menos gaúcha!), pois acreditem ou não a disparidade também passa pelo estômago!

E a melhor arma conta o preconceito, contra a exclusão e contra  a diferença é estudar. 

Entendo que em muitos países (inclusive no Brasil) estudar é um luxo ao qual poucos têm direito, mas não é o caso na França, então esses terroristas não têm desculpa nem nenhuma justificativa..

Ninguém tem o direito de realizar um atentado contra a expressão, contra a arte, a cultura, os risos, a vida.



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