Viagens
As idades da mulher
As pessoas que realmente me conhecem sabe que não faço parte do grupo das mulheres mais vaidosas do mundo... Antes mesmo de morar na França era uma briga com a minha mãe, que não entendia como eu conseguia sair de casa "com a cara limpa", sem nem mesmo um pózinho ou um rímel (sem rímel, pecado capital). Mas também quem me conhece um pouquinho sabe que vivi uma certa crise dos 30 anos... Não do ponto de de vista físico, mas muito mais do ponto de vista emocional.
Penso que se eu estivesse ainda no Brasil não teria vivenciado nada disso, mas na época, praticamente nova em um outro país, começando uma nova vida e em muitos aspectos recomeçando do zero, confesso que vivi sim uma angústia de ter entrado na casa dos 30, idade em que eu me imaginava no passado estabilizada financeira, profissional e relacionalmente. Mas foi um choque me encontrar aos 30 com um estatuto de estudante e sem emprego! (dois dias antes meu contrato temporário tinha sido encerrado e não me deram nenhuma perspectiva, mas duas semanas depois me chamaram novamente para novos pequenos contratos e 6 meses depois recebi meu tão sonhado contrato por tempo ilimitado!).
E imagino que o tempo não é vivenciado da mesma forma para homens e mulheres. Não sei se é por viver ao lado de alguém com um espírito de guri* (garoto, em gauchês), que não se incomoda com a passagem do tempo, mas para mim o tempo não passa desapercebido de jeito nenhum...
Vejo as pessoas que deixei para trás e que aos 30 anos se tornaram diretor de alguma coisa, abriram a própria empresa ou já ganharam milhões, ou então viajaram o mundo... Ou então estão com família bem constituída, filhos, casa grande com piscina, jardim e dois carros na garagem... Tanta coisa que ainda quero fazer, mas o tempo passa tão rápido que os projetos e sonhos ficam na gaveta! Tantas viagens que quero fazer, tantos novos pratos que quero provar, tantas outras idéias de trabalho e carreira, e no meio disso os tão debatidos filhos...
E agora estou quase de malas prontas para visitar a família no Brasil e já percebo uma certa cobrança das pessoas que me conhecem de vista (os famialiares e amigos próximos acho que conseguem ser mais discretos em suas expectativas e decepções)... Ou a cobrança é minha mesma? Primeiro porque não sou diretora de nada (ou seja, como a maioria dos franceses, tenho uma carreira estagnada), tenho um marido mas já passei dos 30 e não tenho filhos (outro pecado mortal!), e vivo na Europa porém ao contrário do imaginário tupiniquim, não sou rica...
E ainda no meio de tudo isso me olho no espelho e nas antigas fotos e vejo que mudei, é lógico, não sou mais a mesma... Será que todo mundo vai reparar e dizer que j'ai pris un coup de vieux? (que eu envelheci?)
Uma das mais conhecidas obras de Gustav Klimt, As 3 idades da mulher (de 1905), que fala do ciclo de vida em uma harmonia regressiva, uma oposição entre a vida e a morte, um contraste entre a infância, a maturidade e o envelhecimento. Engraçado como na nossa sociedade a maturidade está relacionada ao ato de gerar uma vida (ou seja, para as mulheres, de ser mãe). Klimt também colocou uma certa ênfase na "feiúra" do corpo da "velha", representando da mesma forma uma posição de aflição.
Essa foto é de 2009, realizada assim que voltamos do Brasil...
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