Nos passados dias 2 a 4 de Setembro, Alcantarilha foi local da X Feira de Frutos Secos, feira essa realizada anualmente (como sempre no primeiro fim de semana deste mês).
E depois de um belo jantar de marisco (percebes, que adoro, ameijoas e ostras) fomos comer aí a sobremesa: um delicioso bolo de doce fino, uma fatia de bolo de alfarroba e também provamos um doce novo: queijo de figo e alfarroba. Além das barraquinhas com os vários doces, bolos e sobremesas várias, vimos ainda uma espécie de museu com objectos bastante tradicionais relacionados com a região, a exposição de bonitos bolos da fábrica "Palma" e a divulgação de um vinho de Alcantarilha, de nome "João Clara".
Admiramos as fachadas da Igreja da Nossa Senhora da Conceição e a sua pequena Capela dos Ossos, da Igreja da Misericórdia e da Capela da Nossa Senhora do Carmo. Andamos pelas ruas e vielas estreitas desta freguesia, que está situada numa pequena colina e pertence ao concelho de Silves, apenas a 3 Km de Armação de Pêra (um dos destinos turísticos mais procurados, descrito num
post em Janeiro passado).
A torre sineira da Igreja Matriz ou da Nossa Senhora da Conceição domina o horizonte da vila e sem dúvida é o principal monumento de Alcantarilha e o seu cartão-postal. Esta igreja foi construída no século XVI mas a sua torre sineira, que conta com 4 sinos, só foi construída em 1848.
Anexada à Igreja Matriz está a pequena Capela dos Ossos, edificada no século XVI, forrada com ossos e crânios humanos de um antigo cemitério.
A Igreja da Misericórdia foi construída no século XVI durante o reinado de D. Filipe I de Portugal (II de Espanha).
A Capela da Nossa Senhora do Carmo está dotada de linhas sombrias e de grande simplicidade.
O nome "Alcantarilha" advém do Árabe: "Al-Qântara", que significa pequena ponte, possivelmente aquela que atravessa a ribeira da povoação.
As despercebidas muralhas do século XVI, do antigo castelo, denotam a defesa estratégica, importante na região.
O seu casario, a típica chaminé rendilhada Algarvia, o recém restaurado lavadouro, a pequena ribeira, os bonitos painéis azuis e amarelos, alusivos à história de Alcantarilha (como as cheias ocorridas em 1968), e as casas senhoriais são partes integrantes da vila.
|
Chaminé típica |
|
Lavadouro |
|
Painel decorativo |
O seu exemplar mais significativo é, sem dúvida, a Quinta da Cruz que, actualmente, está adaptada a um complexo turístico rural denominado "Hotel Capela das Artes", um nome bem apropriado ao local.
Com efeito, depois de ter passado uma manhã a deambular pela vila, fui visitar o interior deste admirável hotel, prontamente recebida pelo Engº Oscar, o Director Comercial do mesmo (a quem muito agradeço).
Este hotel rural faz parte do património arquitectónico e histórico de Portugal, dispôe de 29 quartos climatizados, piscina, bar e sala de refeições anexadas ao edíficio principal, ao lagar de azeite, convertido em sala para organização de eventos (serões de música clássica, por exemplo) e ao poço que abasteceu Alcantarilha de água, durante séculos.
|
Antigo lagar de azeite |
O edíficio principal apresenta uma construção com arquitectura do século XV e nele se podem apreciar os seus telhados em corte de tesoura, os bonitos e antigos móveis (um deles era o tronco de uma árvore com cinco séculos), as esculturas antigas e elementos de linhas mouriscas, os lindos candeeiros em ferro forjado, um quarto-museu com pinturas do proprietário (parece que o Rei D. Sebastião pernoitou aqui) e o lindissimo oratório interior, com cúpula em forma esférica, a precisar de restauro (a ser executado só por especialistas).
|
Esq: escultura na fachada frontal do edifício principal Dir: móvel efectuado num tronco de árvore, no edificio principal |
|
Tecto da capela |
E apesar de estar junto à estrada nacional 125 é supreendente a quietude e o isolamento dos vários locais, entre árvores autóctones da região como oliveiras e alfarrobeiras, as vistas para o azul do céu ou do mar e o chilrear dos passarinhos, num ambiente extremamente harmonioso.