Na nossa viagem pelo deserto, pudemos observar a agricultura ancestral praticada um pouco por toda esta região que medeia o Sahara profundo e o médio Atlas. Entre as cidades de Agdz e Zagora, acompanhamos o vale do Draa, uma extensa área de palmeirais e oásis.
A existência deste tipo de agricultura depende da presença de água, normalmente fornecida através dos lençóis freáticos. Estes permitem a captação de água através de poços, que posteriormente permitem a sua canalização com um sistema eficaz de irrigação.
O sistema de canais artesanais (designado por khettaras) está praticamente em desuso já que havia muita perda de água. O governo criou um sistema com comportas que permite irrigar vastas áreas, sendo que cada aldeia dispõe de aproximadamente duas horas de água por dia. Ao longo do vale de Draa, este sistema está presente numa extensão de aproximadamente 100 km.
As
khettaras artesanais já não existem aqui, apenas as vimos no vale de Ziz, muito degradadas. Este sistema permitia captar a água através de um poço cavado na rocha a mais de 40 metros de profundidade. Depois da água ser bombada e distribuída pelas wadis, canais construídos artificialmente em barro que permitem aos populares fechar e criar barragens (pode, no entanto, servir apenas de tampão e fazer circular a água para o local que pretendem).
A agricultura de oásis e policultural e extremamente intensiva, já que as terras aráveis são diminutas por aqui. A principal cultura é a tamareira, que permite vastas colheitas nos meses de Setembro e Outubro. Este fruto é muito apreciado pelos muçulmanos, especialmente no Ramadão. Cada tamareira pode chegar a dar 200 kg de tâmaras. No entanto, existem aqui outras culturas hortícolas, nomeadamente tomates, cenouras, alfaces e árvores de fruto como damasqueiro, figueira ou oliveira.
Tal como na Índia, também aqui o trabalho agrícola é feito, essencialmente, pela mulher. O homem está reservado para os trabalhos comerciais nos souqs e artesanais nas medinas. Dizem as más línguas…
não podem ser boa gente!!!!!