A irresistível Santorini
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A irresistível Santorini



Igreja ortodoxa em Oia

         Uma das visões mais espetaculares que já tive se descortinou diante dos meus olhos ao me aproximar por barco de Santorini. É difícil não nos maravilharmos com o alto paredão vulcânico rente ao mar em tonalidades entre o vermelho e o marrom, encimado pelas casinhas brancas da capital Fira. Ao longo dos três dias que passamos na ilha, não nos cansamos de apreciar a paisagem oferecida pelo paredão sobre o mar, sempre com um novo ângulo que nos deixava embasbacados.

O arquipélago de Santorini

          Havíamos deixado Mykonos pouco depois do almoço e o catamarã levou 2h40min na travessia do Mar Egeu. Compramos a passagem pelo site gtp.gr antes de sair do Brasil e pegamos os bilhetes na agência localizada na orla da cidade de Mykonos no dia anterior. Optamos pela business, com um pequeno acréscimo no preço (atualmente na faixa dos 60 ) , e que consistia num andar superior da embarcação muito mais vazio que o deque principal. Valeu a pena, pois a classe econômica estava uma balbúrdia com barulho altíssimo devido ao falatório e pudemos apreciar a fantástica paisagem com tranquilidade, já que a rota passou pela costa da paradisíaca ilha de Paros.

Fira e a Caldeira diante do Mar Egeu

          Santorini também é chamada pelos gregos de Thira; o nome Santorini foi dado pelos venezianos em homenagem a Santa Irene. O que a torna tão bela é sua paisagem ímpar causada por um fantástico acidente da natureza. Originalmente era uma ilha com um formato aproximadamente circular colonizada pelos minoanos; em 1450 a.C. seu vulcão entrou em uma erupção tão forte que o centro da ilha desabou completamente. O desabamento causou um tsunami monumental que destruiu também parte de Creta.   Algumas versões dizem que aí nasceu o mito da Atlântida descrito por Platão. As bordas que não afundaram formaram duas novas ilhas com o solo bem elevado, Thira - agora com a forma de lua crescente - e Thirasia. O mar ocupou o que era o miolo da ilha original, formando o que é chamado de caldeira vulcânica. O vulcão agora submerso continua dando sinal de vida de tempos em tempos, gerando novas ilhotas entre Thira e Thirasia.  

Os níveis de construções descendo o paredão e a ilha vulcânica de Nea Kameni

          Chegamos ao porto de Athinos e uma caminhonete do hotel já nos esperava. Solicitamos o transporte na reserva por já saber que o porto ficava fora de Fira e o percurso incluía uma subida de morro. Fizemos bem, pois a confusão no porto era grande, com vários ilhéus oferecendo transporte para a cidade. Nos hospedamos no Hotel Aressana, um bom hotel quatro estrelas muito bem localizado no centro de Fira. É verdade que não tem vista direta para a Caldeira, mas basta andar um quarteirão e chegamos aos mirantes. Além disto, o acesso a estes hotéis na beira da Caldeira é feito por escadarias estreitas que descem a encosta, uma complicação para quem está com malas. Um fator que nos chamou a atenção foi o café da manhã servido no Aressana, cheio de quitutes gregos fugindo do padrão internacional.

A Catedral em Fira

         Destruída por um terremoto em 1956, Fira foi reconstruída ocupando parcialmente terraços sobre o paredão, que tem 270 m de altura. Em termos de edificações, Fira possui poucas atrações, entre as quais está o Museu Arqueológico, com artefatos extraídos das duas ruínas existentes em Thira, e a Catedral Ypapanti, em frente à Caldeira, que substituiu a antiga catedral que foi abaixo com o terremoto.

      O programa principal na capital é vagar pelas vielas à beira do precipício, todas exclusivas para pedestres, apreciando a arquitetura e principalmente a vista, especialmente durante o pôr-do-sol. À noite, Fira conta com diversos restaurantes onde podemos nos deliciar com os saborosos pratos locais, com destaque para a moussaka, a lasanha de berinjela que é símbolo da culinária grega. Posso recomendar dois restaurantes situados na mesma rua, a taverna Nikolas e o Dionysos.

Vista de Oia

          Por se situar na porção central da estreita ilha, Fira é um bom ponto de partida para se conhecer o restante de Santorini. Dedicamos um dia a visitar a outra vila da ilha, Oia (pronuncia-se ía), na ponta norte, a 12 quilômetros de Fira. Embarcamos num ônibus na rodoviária de Fira, que viajou por estradas tortuosas e estreitas com cenários campestres dignos de pintura antes de chegar ao destino. Bem menor que Fira, mais sossegada e aconchegante durante o dia, Oia é conhecida pelas suas igrejas ortodoxas com o célebre domo azul, e é o destino favorito dos casais em lua de mel na ilha. Antigamente Oia era também uma espécie de Transilvânia grega, pois era conhecida pelas lendas envolvendo vampiros que a habitariam.

          Como a vila é considerada o melhor local para se assistir ao pôr-do-sol que faz a fama de Santorini, lota no final da tarde. Oia certamente é a mais pitoresca vila de Santorini e já foi um importante centro pesqueiro graças ao porto a seus pés. Depois da reconstrução pós-terremoto, se voltou para o turismo, contando hoje com menos de 10% da sua população do auge da atividade da pesca, num fenômeno semelhante ao que aconteceu com a ilha de Symi (acesse o post aqui) no Dodecaneso.

Igreja Episcopal, na praça principal de Oia

         O ponto final do ônibus nos deixou bem perto da rua principal de pedestres que atravessa Oia e onde estão os seus principais marcos. Ao se caminhar pela rua, apreciamos a mescla de mansões neoclássicas do século XIX outrora pertencentes a capitães de barcos e das pequenas casinhas brancas típicas das vilas gregas, habitadas pelo restante da população na época e que são chamadas de "casas-caverna", por muitas estarem cavadas na rocha. Uma vista fabulosa do porto de Ammoudi  penhasco abaixo e da ilha de Thirasia pode ser obtida das ruínas do castelo erigido pelos venezianos, que dominaram Santorini no século XIII. Aliás, os venezianos deixaram um legado hoje importante na economia local - as vinícolas, especialmente o cultivo de uvas Assyrtico, matéria-prima dos vinhos brancos que acompanham os peixes servidos nos restaurantes da ilha.

O Castelo Veneziano se destacando em meio ao casario típico de Oia, com Thirassia ao fundo

O porto de Ammoudi visto a partir das ruínas do Castelo Veneziano

         No próximo post, continuamos a visita a Santorini e embarcamos no passeio às ilhas vulcânicas e a Thirasia, a ilha fronteira. O barco inclusive ancorou no porto da foto acima, me permitindo fotografar a beleza de Oia do ângulo inverso, de baixo para cima.



Outros posts publicados sobre as Ilhas Gregas:


  • Passeio de escuna em Santorini
  • A colossal Rodes
  • Lindos e a visitante real
  • Symi, a pérola do Dodecaneso
  • A labiríntica Mykonos



  •   Postado por  Marcelo Schor  em 08.06.2013  



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