XVI- A primeira vez é inesquecível
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XVI- A primeira vez é inesquecível



Praia em João Pessoa
A primeira vez que viajei sozinha, de férias, poderia ter sido trágica. Nos meus tempos de militância política, eu cumpri algumas “missões” em outras cidades, quase sempre viajando desacompanhada. Quando me iniciei na carreira jornalística, também andei por aí sozinha, fazendo coberturas. Acontece, contudo, que, no jornal onde eu trabalhava, os editores davam preferência para que os repórteres que tinham filhos pequenos tirassem suas férias nos meses que coincidiam com o recesso escolar, ou seja, em julho ou em dezembro e janeiro. Sendo assim, eu nunca conseguia companhia para viajar, quando podia me ausentar do trabalho.
Pois bem, após meu primeiro ano com Carteira assinada, os chefes me autorizaram a tirar férias no mês de junho. Não me lembro mais porque, decidi passar 15 dias em uma praia, no Sul da Bahia. Uma longa viagem de ônibus, com duas baldeações, debaixo de uma chuva torrencial. Aliás, ninguém havia me informado que, nessa época do ano, costuma chover - e muito - no Nordeste, inclusive no litoral. O lugar, que hoje é um badalado ponto turístico, na época era praticamente uma aldeia, com apenas uma Pousada, onde me hospedei, e da qual, durante três dias, não arredei o pé. A chuva não dava trégua. Por sorte, eu havia levado bons livros, um dos quais a “Autobiografia de uma moça bem comportada”, de Simone de Beauvoir.
No quarto dia o sol saiu. Influenciada pela intelectual francesa, que cruzava a França sozinha, de bicicleta, decidi fazer uma longa caminhada pela praia. Preparei um lanche, coloquei uma garrafa de água na bolsa e saí, antes das 8 horas da manhã. Caminhei até a desembocadura do rio, há cerca de cinco quilômetros da vila, um lugar paradisíaco onde o encontro da água gelada do rio, com a temperatura morna do mar provocava uma sensação maravilhosa no corpo todo.
Após banhar-me, sentei-me sobre a toalha estendida na areia e, quando me preparava para fumar um cigarro, pressenti que alguém me observava, por detrás das dunas. Uma situação que, absolutamente, não estava prevista em nenhum livro que estava lendo. Dois pensamentos passaram imediatamente pela minha cabeça: eu tinha que agir rápido e não podia entrar em pânico. A aldeia, reduzida a minúsculos pontos cinza no horizonte, parecia mais longe que os cinco quilômetros que nos distanciavam. Eu não aguentaria correr até lá e, se tentasse, seria uma presa fácil. Não, pelas costas ninguém iria me derrubar. Então, com calma, enrolei a toalha na cintura, coloquei minhas coisas na sacola e saí andando, em passo aparentemente normal. Olhando de esguelha, eu via o topo de uma cabeça, por trás das dunas, me acompanhando, a pouco mais de dois metros. Em meio aos pedregulhos eu avistei um caco de vidro e abaixei-me, rapidamente, para apanhá-lo. Decididamente, eu não seria uma presa fácil.
Foi quando comecei a ouvir aquele barulho característico de pés rangendo a areia molhada, logo atrás de mim. Apertei mais o passo e vi, ao longe, muito longe, o vulto de um casal que caminhava em minha direção. A sensação de alívio parece que me energizou. De um impulso, virei e deparei-me, cara a cara, com aquele que me seguia, um mulato forte e atarracado. Com as pernas trêmulas, mas ainda aparentando calma, eu lhe perguntei de chofre:
- Você também gosta de caminhar?
O homem se assustou com aquela minha reação e, parece, naquele momento é que notou o casal que se aproximava. Saiu disparado em direção às dunas.
No dia seguinte voltou a chover. Arrumei minhas coisas e abreviei minhas férias. Sozinha, em praia deserta, nunca mais.

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