Viagens
O carnaval de Santa Cruz é conhecido internacionalmente e é considerado o segundo mais popular após o carioca. Durante o período também acontecem paradas com os chicharreros (designação dos habitantes da cidade) dançando fantasiados madrugada adentro. Na quarta feira de cinzas acontece o Enterro da Sardinha, um desfile irreverente com milhares de "viúvas" vestidas de negro lamentando o fim do carnaval, seguido da queima do peixe. Por conta da festa, Santa Cruz é cidade irmã do Rio de Janeiro.
Perto de Santa Cruz, a oito quilômetros a leste fica uma praia legal cercada por morros áridos, Las Teresitas. Sua areia é importada do Saara, sendo reposta periodicamente. Um pouco antes de alcançarmos a praia no ônibus 910, passamos pela simpática cidadezinha pesqueira de San Andrés. Sua maior atração é a torre de mesmo nome, uma antiga fortaleza militar circular que defendeu a ilha contra ataques inimigos, incluindo um do inglês Almirante Nelson. Hoje resta apenas metade da construção - a outra parte foi levada por uma torrente de água em 1878.
No próximo post, o último relativo às Canárias, continuamos nosso passeio por Tenerife, mostrando suas maravilhosas cidades históricas: La Laguna e La Orotava, além de Puerto de la Cruz.
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Tenerife, a ilha do sol eterno
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| O Auditório de Santa Cruz de Tenerife. |
A maior e mais populosa das Ilhas Canárias com 900.000 habitantes, Tenerife divide a administração do arquipélago com a vizinha Gran Canária. É conhecida como "a ilha da primavera eterna" devido à sua temperatura, mas pelo menos para mim o apelido dá uma ideia errada do lugar, já que flores são escassas por lá; mais apropriado seria o título do post. Menos desértica que Lanzarote e distante quase três horas de voo de Madri, a ilha montanhosa é dominada pelo Pico del Teide, com 3.718 m de altitude, ponto culminante da Espanha. O vulcão Teide, que fica nevado no inverno, acabou dando nome à ilha, já que Tenerife significa Morro Branco no dialeto local dos guanches, os nativos que habitavam o lugar antes da chegada dos espanhóis.
Tenerife me deixou impressões ambíguas. Fiquei encantado pela capital e pelas cidades históricas, bastante preservadas e características, apropriadas para perambular sem rumo apreciando a rica arquitetura, mas me decepcionei com os resorts da sua costa sudoeste. Esta área, a mais procurada pelos europeus, já está bastante transformada pelo progresso e pelo turismo em massa e de espanhola infelizmente não tem mais nada.
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| Mapa de Tenerife - fonte: tenerife-abc.com |
Usei como base para minha estadia de quatro dias a capital, Santa Cruz de Tenerife, pois é ponto inicial de várias linhas de ônibus que a ligam frequentemente a quase todos os pontos da ilha, tornando muito fácil a locomoção. A rede é eficiente e pontual, podendo-se pegar um livreto com itinerários e horários nos principais hotéis ou na rodoviária (estación de guaguas no dialeto local) a um quilômetro ao sul da rua principal de pedestres, Calle Castillo. Uma dica é adquirir o Bono, um cartão que dá direito a até 35% de desconto, sendo o valor das passagens debitado do cartão. Quanto maior o percurso da linha, maior o percentual de desconto. Percorri uns 250 quilômetros com um Bono, que hoje custa € 25 .
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| Vista da avenida marítima de Santa Cruz |
Santa Cruz possui aparência europeia, com 200.000 habitantes. Aqui aportam os transatlânticos de cruzeiros, que normalmente chegam pela manhã e zarpam ao anoitecer. É uma cidade bastante agradável, arborizada e arejada, com várias ruas de pedestres e um parque bonito. Santa Cruz é conhecida por alguns monumentos arrojados, como o Auditório de Tenerife, que lembra vagamente a Ópera de Sydney e foi projetado por Santiago Calatrava, o arquiteto do futuro Museu do Amanhã no Porto do Rio de Janeiro. O Auditório inaugurado em 2003, branco e moderno, faz um forte contraste com o histórico Castelo de San Juan ao seu lado, negro e antigo, construído no século XVII em basalto à beira mar junto ao mercado de escravos na época. Seguindo um pouco mais adiante, chega-se ao Parque Marítimo César Manrique, projetado pelo próprio arquiteto canário, incluindo diversas piscinas com água do mar para banho.
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| O Castelo de San Juan encobrindo o Auditório de Tenerife |
Na praça principal junto ao mar, a Plaza de España, se situa o Monumento aos Caídos, uma homenagem aos mortos na Guerra Civil Espanhola, inaugurado em 1947. Vale ainda visitar o Mercado de Nossa Senhora da África em homenagem ao continente fronteiro e caminhar pela aristocrática Rambla General Franco. Note-se que as Canárias foram a única região da Espanha que não retornou à denominação original as avenidas (normalmente as maiores de cada cidade) rebatizadas com o nome de Franco. O ditador foi comandante militar das Canárias e foi de lá que iniciou a rebelião que desencadeou a Guerra Civil em 1936.
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| A Plaza de España com o Monumento aos Caídos ao fundo |
O carnaval de Santa Cruz é conhecido internacionalmente e é considerado o segundo mais popular após o carioca. Durante o período também acontecem paradas com os chicharreros (designação dos habitantes da cidade) dançando fantasiados madrugada adentro. Na quarta feira de cinzas acontece o Enterro da Sardinha, um desfile irreverente com milhares de "viúvas" vestidas de negro lamentando o fim do carnaval, seguido da queima do peixe. Por conta da festa, Santa Cruz é cidade irmã do Rio de Janeiro.
Perto de Santa Cruz, a oito quilômetros a leste fica uma praia legal cercada por morros áridos, Las Teresitas. Sua areia é importada do Saara, sendo reposta periodicamente. Um pouco antes de alcançarmos a praia no ônibus 910, passamos pela simpática cidadezinha pesqueira de San Andrés. Sua maior atração é a torre de mesmo nome, uma antiga fortaleza militar circular que defendeu a ilha contra ataques inimigos, incluindo um do inglês Almirante Nelson. Hoje resta apenas metade da construção - a outra parte foi levada por uma torrente de água em 1878.
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| A praia de Las Teresitas |
Dediquei um dia da minha estadia para visitar a costa sudoeste, a área mais ensolarada e quente da ilha, onde se encontram os balneários mais badalados que ficam tomados pelos europeus na época de inverno do hemisfério norte. Os balneários se sucedem na costa e não se percebe onde termina um e começa o outro. Desci do ônibus 111 em Los Cristianos, o primeiro da série de resorts. É o único que existia como vila antes do boom do turismo, e ainda há um pequeno centro pesqueiro remanescente, com casas antigas. De lá iniciei uma caminhada pelo calçadão bastante aprazível ladeado por palmeiras que margeia as melhores praias da ilha até chegar uma hora depois a Playa de las Americas, a área onde se localizam os gigantescos hotéis de cadeias internacionais, shopping centers e nightclubs com letreiros em neon. Senti-me numa mistura de Cancún com Las Vegas, com gente para todo o lado e muita movimentação, em completo contraste com o restante de Tenerife.
Em resumo, se você é fã da combinação sol e agito (especialmente o noturno), aqui é o lugar para se hospedar; caso contrário, prefira as mais calmas Santa Cruz e Puerto de la Cruz.
Em resumo, se você é fã da combinação sol e agito (especialmente o noturno), aqui é o lugar para se hospedar; caso contrário, prefira as mais calmas Santa Cruz e Puerto de la Cruz.
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| A praia de Los Cristianos |
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| O calçadão que liga Los Cristianos a Playa de las Americas |
No próximo post, o último relativo às Canárias, continuamos nosso passeio por Tenerife, mostrando suas maravilhosas cidades históricas: La Laguna e La Orotava, além de Puerto de la Cruz.
Outros posts sobre as Canárias:
- Lanzarote, entre crateras e camelos
- As cidades históricas de Tenerife
Postado por Marcelo Schor em 04.04.2013
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