Passeio ao Monte Pilatus
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Passeio ao Monte Pilatus



O Monte Pilatus por trás das margens do Lago dos Quatro Cantões

        Um passeio imperdível para quem se hospeda em Lucerna é a subida ao Monte Pilatus. As belas paisagens no caminho são apreciadas em uma diversidade única de meios de transporte - barco, cremalheira, teleférico, gôndola e ônibus. O circuito é chamado nos escritórios de turismo pelo nome de "Golden Round Trip", e só pode ser feito entre maio e outubro. Nos meses de inverno, a cremalheira não funciona e o único transporte ao topo do Monte Pilatus é por teleférico.


Os pontos de parada do circuito do Golden Round

        Levamos cerca de seis horas para percorrer todo o circuito, incluindo um lauto almoço no restaurante do topo do Monte. O Swiss Pass abrange somente o barco e o ônibus, havendo desconto para os demais transportes. Ao comprar o circuito antes de embarcar em Lucerna, é só mostrar o passe que o atendente já cobrará o valor com o desconto devido.

Hergiswil com o Pilatus ao fundo

          A primeira parte do circuito é feita por um barco que cruza o Lago dos Quatro Cantões até a vila de Alpnachstad, num percurso de 1h30min. Os barcos saem do cais ao lado da estação ferroviária de Lucerna. O lago, também chamado de Lago Lucerna, é um dos mais bonitos da Suíça, cercado por altas montanhas onde estão situados dois dos mirantes mais visitados no país. Além do Pilatus, na outra margem está situado o mirante do Monte Rigi. Como o nome sugere, o Lago dos Quatro Cantões era cercado pelos cantões de Schwyz, Uri e Unterwalden, os mais antigos da Suíça que formaram a Confederação em 1291, além do próprio cantão de Lucerna. Curiosamente, o nome não corresponde mais à realidade, pois Unterwalden se dividiu em dois e hoje há cinco cantões à volta do lago.

           A última parada do barco antes do desembarque é Hergiswil. O Monte Pilatus aparece aqui bem perto, emoldurando o panorama sobre a cidade, que oferece um atrativo para quem resolver fazer uma parada estratégica no cruzeiro  -  a fábrica de vidro de Hergiswil, que conta com um museu  enfocando a história do vidro e da própria fábrica. A visita culmina com o acompanhamento do processo de fabricação, incluindo as etapas de sopro e molde do vidro. Optamos por não conhecer  Hergiswil e seguimos pelo roteiro no lago.

A cremalheira chegando ao topo do Monte Pilatus

        Do cais de Alpnachstad, ponto final do barco no fundo de um dos braços do lago, fomos conduzidos à estação da cremalheira e minutos depois, embarcamos no vagão. Esta é a cremalheira de maior inclinação no mundo, chegando em um trecho a incríveis 48%. Meia hora mais tarde, chegamos ao Monte Pilatus. Junto à estação terminal da cremalheira há uma área relativamente plana onde está situado o hotel e restaurante, onde almoçamos pratos típicos suíços. Comida correta, sem grandes arroubos culinários.

Da esquerda para a direita, o hotel e restaurante, a estação ferroviária e o cume Esel, com sua escadaria de acesso

          O Monte Pilatus é formado por diversos cumes, dos quais o mais alto, o Tomlishorn, tem 2.128 metros de altitude, localizado a meia hora de caminhada da estação. Bem mais acessíveis há mirantes alguns degraus acima da estação, com vista soberba para os braços do lago e para os Alpes. O nome da montanha pode ter tido origem na lenda de que Pôncio Pilatus teria morrido na região. Durante a Idade Média, acreditava-se que o Monte era moradia de dragões com um surpreendente poder para curar feridas. Isto explica a presença constante de um dragão em figuras alusivas ao Monte Pilatus.

Habitantes do Pilatus apreciando a paisagem fabulosa

        Com subida um pouco mais difícil, o topo do cume Esel pode ser alcançado da plataforma do restaurante galgando por dez minutos uma escadaria. O nome do cume ("asno" em alemão) é uma referência ao meio de transporte existente para se chegar a Pilatus antes da inauguração da linha da cremalheira em 1889; o hotel foi inaugurado um ano mais tarde. O Esel, além do mirante, sedia um sistema de defesa antiaéreo, cujas estruturas se camuflam na rocha. Aliás, as instalações militares são uma constante em todo o conjunto do Pilatus; a Suíça pode ser um país neutro, mas está longe de ser indefesa.

       Enquanto eu subia os degraus do Esel, minha família preferiu ficar sentada descansando na plataforma e apreciando a bela paisagem. Meu esforço extra porém valeu a pena, como pode ser conferido na imagem abaixo.

A recompensa da subida dos muitos degraus: a vista do recortado Lago dos Quatro Cantões

      Quando desci de volta do topo do Esel, reencontrei a família assistindo a uma bela apresentação do instrumento típico alpino, o exótico alphorn ou corneta alpina. Trata-se de um longuíssimo (seu comprimento padrão é de 3,5 metros) instrumento de sopro de madeira lembrando uma corneta gigante apoiada no chão. O alphorn foi muito usado no passado pelos pastores nos Alpes suíços para recolherem o rebanho. De aprendizado difícil, foi quase extinto há 200 anos quando perdeu sua função original, mas hoje é um símbolo musical do país, sendo tocado por grupos em apresentações folclóricas ou em pontos turísticos. Tem um som bastante original e há inclusive uma associação de instrumentistas do alphorn, com mais de 1.700 membros.

Um alphorn sendo soprado nas montanhas suíças - fonte: commons.wikimedia - chensiyuan

       A descida do Monte Pilatus foi feita por um caminho diferente, por teleférico seguido de gôndola  (um bondinho menor, para somente quatro pessoas) até a localidade de Kriens, onde pegamos o ônibus urbano da linha 1, lotado, de retorno para Lucerna. Este último transporte foi a única parte tediosa de todo o roteiro. Como convém a uma viagem de retorno, a volta foi bem mais rápida e menos cênica que a ida até o Monte.

       Quem gosta de emoção pode fazer uma parada estratégica na estação Fräkmüntegg, de permuta do teleférico para a gôndola. Lá tem início a maior descida em tobogã da Suíça, com mais de 1.300 metros de extensão.

Os turistas não desanimam ao encarar os degraus que levam a um dos mirantes do Pilatus. Para o pessoal da terceira idade, os bastões para caminhada nórdica ajudam bastante na subida.

       O circuito pode ser feito de forma invertida, mas todas as pessoas que conheço que foram até Pilatus fizeram o roteiro nessa ordem tradicional, que é a mencionada nos guias de turismo. Talvez valha a pena percorrer o circuito inverso em altíssima temporada, para driblar as filas. Uma recomendação: procure visitar Pilatus em dia ensolarado ou com poucas nuvens. A vista obtida do seu topo é realmente sensacional  e seria uma pena não poder admirá-la.

Cidade em que me hospedei: Lucerna                                                                                        
Transporte pelo Swiss Pass:  Coberto para o transporte lacustre e por ônibus. Para a cremalheira e o teleférico + gôndola, o desconto é de 50%. Já a viagem ao Monte Rigi é completamente coberta pelo passe.

* Este é o nono post da série sobre a Suíça. Para visualizar os demais, acesse A saborosa Suíça.


 Postado por  Marcelo Schor  em 15.12.2014 



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