No mundo da (Nova)cortiça!
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No mundo da (Nova)cortiça!


Há uns aninhos atrás (se não estou em erro, em 2011) lembro-me de um prémio atribuído a uma portuguesa que conquistou o troféu da melhor empresária europeia, ao aproveitar a empresa de cortiça do pai (Novacortiça) para recriar no mundo da moda, objectos bastante arrojados e inovadores feitos de "pele" de cortiça, como o célebre guarda chuva, um dos objectos da marca Pelcor da empresária Sandra Correia!





Assim, desta vez vou-vos dar a conhecer esse novo mundo- o da cortiça- na Novacortiça, localizada em S. Brás de Alportel, visitado em Outubro passado com a minha melhor amiga.

Vamos, então, conhece-la?!

Após o almoço no restaurante do hotel "Rocha da Gralheira" com uma vista excelente sobre a serra, fomos depois (com horário marcado para as duas da tarde) à Novacortiça, aberta desde 1986!

Excelentemente bem recebidas por Vanda Lopes (responsável pelo departamento de turismo) acompanhou-nos e descreveu-nos todo o processo de transformação da cortiça, desde a sua extração dos sobreiros até à obtenção de úteis e versáteis objectos feitos de "pele" de cortiça (como estes sofás da entrada, bem convidativos)!




Mas devo dizer que este processo é moroso! Primeiro, porque é necessário esperar vinte e cinco anos para obter a primeira cortiça do sobreiro (essa árvore que pode durar entre dois a três séculos) mas que ainda não pode ser utilizado em rolhas ou outros objetos, mas sim, por exemplo, como isolante na construção civil.

Depois há que esperar novamente mais nove anos e novamente outros nove para obter a terceira, designada como "amadia", essa sim mais forte e densa e a qual já pode ser utilizada no fabrico de rolhas! Para facilitar a remoção da cortiça da árvore, a tiragem deverá ser feita nos meses de maior calor (Maio a Setembro)!

Assim que chega à fábrica, é levada à cozedura em paletes a 100ºC durante uma hora de forma a torna-la flexível e plana, para poder ser trabalhada.




Após ser limpa de poeiras e bactérias, é cortada numa máquina em pedaços, seguindo para uma segunda máquina que os recebe e os divide em "meio/palmilha", "barriga" e "costas" (parte exterior da cortiça) que servem para fazer pavimento do chão (numa outra fábrica).




A parte do "meio" vai para uma terceira máquina onde é perfurada e de onde saem os primeiros discos (35 mm) para rolhas de champanhe!




Os desperdícios são transformados em granulado!



Este vai para Espanha, onde é comprimido e colado com cola alimentar e onde são feitos rolos de onde são obtidas as rolhas para as garrafas de champanhe (são ainda colocados dois discos por baixo para prevenir que o champanhe toque a parte que tem cola).

Existem discos mais pequenos (26 mm) que são utilizados em rolhas de vinho feitas também com granulado.

Todos os discos de champanhe (35 mm) passam por uma máquina de polir e depois passam por outra máquina onde é analisado o seu nível de porosidade e onde é feita a divisão dos discos por qualidades.

Os menos porosos, de melhor qualidade, vão para o mercado francês (para os mais caros e famosos champanhes). Os de segunda qualidade- a média- vão para o mercado espanhol e os de terceira qualidade para o mercado italiano!




Metade da produção desta fábrica são os discos, com vinte mil produzidos por hora e um milhão e meio por dia!




Cerca de 10% da produção são as "costas" e "barrigas" e o resto consiste em granulado, que pode ser utilizado no fabrico de rolhas, em produção e calçado, na construção civil e na produção de objectos para casa, entre outros.

Existe ainda o material "pele de cortiça" utilizado em produtos de moda, como carteiras, malas, contos, bolsas, entre outros, da Pelcor, marca essa que existe desde 2003!




Para além das várias lojas em Portugal e no estrangeiro, onde podem ser admirados e adquiridos esses artigos, a Pelcor distribui ainda online através do site: www.pelcor.pt!

Podem também ser efetuadas visitas pagas à Novacortiça, onde os clientes podem ver diversos produtos Pelcor na nova loja da fábrica, assim como outros artigos fabricados à base de cortiça!

Existem dois horários de visitas de manhã e dois à tarde, à exceção de sexta em que apenas se realiza uma visita à tarde; a fábrica encerra aos fins de semana e fecha normalmente três semanas em Agosto e uma no período de natal para férias.

A visita dura cerca de uma hora e meia e é deveras interessante!



[Este post contou com a colaboração de Verónica do Carmo e Vanda Lopes, a quem muito agradeço!]





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