Istambul II: a cidade das civilizações
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Istambul II: a cidade das civilizações



Mesquita Azul (o cartão postal de Istambul)

Apesar de Ankara ser a capital do país, Istambul é a cidade mais populosa do país e a quinta maior do mundo, com quase 14 milhões de habitantes. Considerada por ser uma das cidades mais importantes da religião Islâmica com um grande número de mesquitas espalhadas, Istambul também é o principal pólo do comércio, indústria, universitário e cultural do país.

No dia seguinte, após uma noite bem descansada (e merecida) e com o tempo melhor (apesar do frio anormal no início de Outubro) começamos por visitar a mesquita de Rüstem Pasha. Esta é caracterizada pelos belíssimos azulejos de Iznik (cidade próxima que produzia os mais belos azulejos de toda a região), tendo sido construída para o marido da princesa Mihrimah (filha do sultão Solimão, o Magnífico e Roxelana), no século XVI. Está localizada por cima de um complexo de lojas, cujas rendas eram utilizadas nos gastos da mesquita. Os azulejos em tons de azul e vermelho com motivos florais e geométricos (uma vez que figuras de santos são estritamente proibidas pela religião Muçulmana), aliados aos bonitos candeeiros e o tapete vermelho, fazem dela uma das mesquitas mais ricas em azulejaria e com um interior muito bonito.

Pormenores do interior da Mesquita de Rüstem Pasha

No interior das mesquitas é obrigatório entrarmos descalços (deixamos os sapatos à entrada ou levamo-los guardados connosco) ou então utilizarmos uma protecção plástica por cima dos sapatos, assim como é também proibido entrar com os ombros e os joelhos descobertos. Li que em alguns países é obrigatório usar um lenço na cabeça quando se entra numa mesquita, contudo aqui nunca houve a necessidade de tal (eu usei sim, mas para me proteger do frio e na rua).

Depois fomos então para o centro histórico e principal da região (o mais importante a nível histórico, arqueológico e turístico), património da humanidade da UNESCO devido aos seus monumentos e ruínas históricas importantes, em Sultanahmed. Aqui, no alto da colina estão localizadas a mesquita de Sultan Ahmed Camii (vulgarmente conhecida como "Mesquita Azul") e na sua frente Hagia Sofia.

A "Mesquita Azul" foi mandada construir pelo sultão Ahmed, nas primeiras duas décadas do século XVII para ofuscar a beleza de Hagia Sofia, sendo que alguns dos pedreiros que ajudaram na sua construção construiram o Taj Mahal. Dotada de uma arquitectura impressionante com 6 minaretes (só as mesquitas imperiais podem ter este número), o seu nome vem do facto do seu interior conter mais de 21000 azulejos em várias tonalidades de azul, também vindos de Iznik.

Pormenor frontal da Mesquita Azul


Pormenores interiores da Mesquita Azul


Em Sultanahmed

Hagia Sofia foi uma igreja construida em 537 d.C pelo imperador Romano Justinus, tendo na época sido a maior igreja cristã do mundo. No século XV, após a queda da igreja Católica, mas devido à sua rara e enorme beleza foi convertida em mesquita (embora as figuras religiosas das paredes  tenham sido tapadas) e em 1934 em museu.


Hagia Sofia




Em Hagia Sofia perdemos-nos do restante grupo que tinha aproveitado para ir à casa de banho antes de entrar (na entrada de muitos locais públicos, como este, tivemos de passar por detectores de metais e a confusão e as pessoas eram muitas). Aproveitamos para ver toda aquela beleza, o interior ricamente decorado com muitas das figuras que tinham sido tapadas, agora descobertas.




Depois enquanto esperavamos pelo restante grupo vimos ainda uma manifestação de um grupo de jovens seguido da polícia anti-choque. Não houve qualquer confronto e nem confusão (livra)!
Vimos e ouvimos os gritos dos vendedores de pão (simit), tapetes e revistas pelas ruas, numa confusão sem igual!

Numa praça ao lado da mesquita azul está o hipódromo, um local que era o centro da cidade há mais de 1000 anos, tendo sido palco de uma guerra sangrenta no século VI. Actalmente, só existe a parte central dos monumentos. Exemplos dissos, temos o obelisco Egípcio, a coluna de tijolo e a Fonte Alemã.
A obelisco mais antigo de Istambul é o Egípcio (ou de Teodósio), talvez erguido em 1500 a.C no antigo Egipto e depois trazido para Istambul no século IV d.C, para ornamentar, melhorar e desenvolver a cidade. Mede quase 20 metros de altura mas pensa-se que falta grande parte da pedra original.



 Detalhes do obelisco Egípcio




Não se sabe exactamente quando foi construída a coluna de tijolo (na foto seguinte) que mede 32 metros de altura e é feita de pedras talhadas de diferentes tamanhos. Pensa-se que poderá ser dos séculos IV-V a.C e terá sido restaurada no século X d.C, após muitos anos de pilhagens e abandono.




A fonte Alemã é, provavelmente, o elemento  mais recente introduzido nesta área, no século XIX  oferecido por um imperador Alemão impressionado com a hospitalidade Turca, cujos pormenores se podem ver nas fotos seguintes:




Na parte da tarde, o sol deu o ar da sua graça e vistamos o palácio de Topkapi, a primeira residência oficial dos sultões (tendo continuando-o a ser por mais 400 anos), mandado construir em 1453 pelo sultão Mehmet II. Em 1853, o sultão Abdül Mecid I trocou-o pelo Palácio de Dolmabahçe (a foto deste encontra-se no post anterior) e desde 1924 que foi transformado em museu.


Parte frontal do palácio de Topkapi


Estivemos a ver o palácio constituído por uma série de pavilhões, entre os quais se inclui o harém. Este era ocupado por 1000 pessoas, incluindo as esposas, concubinas e filhos do sultão, assim como pelos Eunucos que as guardavam. Esses tempos passaram mas actualmente é possível admirar todo aquele espaço como, também, uma série de objectos valiosos e opulentos tais como armas, armaduras, trajes imperiais, relógios, peças de: cerâmica, vidro e prata, adagas com maravilhosas jóias incrustadas, manuscritos e cópias do Alcorão ricamente decorados.


Pormenores do palácio de Topkapi


Aproveitamos o final da tarde para fazer compras no Grand Bazaar, o maior mercado coberto do mundo, com mais de 4000 lojas divididas por ruas especializadas,  com tudo o que se possa querer, desde jóias, tecidos, lâmpadas, metais, vidros, chaleiras... Aproveitei aqui para provar e comprar uns doces chamados "Delicia Turca"e uns porta-chaves com o olho do mau olhado (símbolo para livrar da inveja, usualmente usado) para oferta. Fica no centro da cidade e tem atraido comerciantes e clientes durante séculos. É só ficar e observar os objectos desejados e depois tentar negociar. O preço final pode descer até metade ou dois terços do inicial, à excepção daqueles já marcados (e mesmo assim pode-se sempre tentar).


Pormenores do Grand Bazaar


Antes de jantarmos num self-service (a fome era tanta que paramos no primeiro local onde serviam alguma coisa comestível) fomos a um hamman, uma versão antiga do actual spa. Existem vários espalhados pela cidade  e foram introduzidos pelos Otomanos, uma vez que acreditavam que a limpeza física também ia ajudar na limpeza espiritual, sendo um local de relaxamento e socialização (mas homens e mulheres ficam em locais separados). Inicialmente, ficamos deitadas em cima de uma pedra octogonal, quente, em mármore e depois fomos esfregadas, massajadas e lavadas (até mesmo o cabelo) e depois fomos relaxar para uma bela e grande banheira de água bem quentinha.

Ainda tivemos tempo de provar o gelado Turco, um pouco estranho mas bom e depois de termos andando de autocarro, funicular e metro chegamos finalmente ao hotel.
E foi interessante observar que não vimos qualquer criança abandonada ou mendigo na rua a pedir. Também não sentimos qualquer insegurança enquanto andavamos pela ruas.  E até quando pedimos ajuda a um senhor já de idade em Inglês, prontamente nos auxiliou.

No outro dia, acordamos cedo e a nossa guia deixou-nos dentro do aeroporto (a segurança à entrada é impressionante com vários detectores de metais). E no final foi razão para lhe dizer: "Tesekkur ederim  (tradução: muito obrigada) Sheffika, que nos acompanhaste durante toda esta viagem".

E só vos posso dizer que apesar das minhas expectativas em relação a Istambul serem altas foram tudo o que eu estava à espera e um pouco mais (apesar do tempo não ter estado o ideal) e nos primeiros dias que regressei a Portugal senti saudades do despertar da primeira oração da manhã e das mesquitas lá bem no fundo... do horizonte!




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