Grand Palais e Noite dos Museus
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Grand Palais e Noite dos Museus


Ontem foi a noite européia dos museus (la nuit européenne des musées), um evento que ocorre todos os anos na Europa. E sendo Paris uma cidade repleta de atividades culturais, a lista de opções todos os anos é extensa e de qualidade.

O princípio é que os museus ficam abertos até tarde da noite, alguns até 1 hora da manhã, e as entradas são gratuitas. Melhor olhar a programação pois nem todas as exposições temporárias abrem ou são gratuitas, e os horários podem variar.

Apesar da chuva, vestimos um impermeável, tiramos o guarda-chuva do armário e fomos mesmo assim. Levei um livro fino na bolsa, pois sei que nesses eventos sempre encontraremos muita fila, uma barra de cereais e uma garrafinha de água (não saio de casa sem água!).

Nosso destino foi o Grand Palais de Paris, esse edifício construído para a Exposição Universal de 1900 em estilo Art Nouveau, aliando pedra, aço e vidro. Seu teto de mais de 200 metros de largura é de vidro, elevando-se até 45 metros do solo, o que confere uma luminosidade incrível.

Palco de muitas exposições temporárias (várias ao mesmo tempo, em cada uma de suas salas), o Grand Palais acolhe todos os anos multidões. 

Começamos pela exposição EXCENTRIQUE(S) do francês Daniel Buren para aproveitar o restinho da luz natural:

Daniel Buren é muito conhecido sobre o seu trabalho sobre as linhas (quase todo mundo conhece as "colunas" em preto e branco que ele fez para o Palais Royal de Paris), mas desta vez ele decidiu trabalhar com círculos coloridos!!!

A particularida dessa exposição é que o Grand Palais já apresenta um teto, um "alto" magnífico, não tem como ele fazer melhor do que o que já foi feito, mas por outro lado o que o local tem de feio é o solo, em "contrapiso". Com o jogo de cores e luzes (naturais ou não) que ele criou, ele pode transformar o solo! Mágico, não??? Por que eu não pensei nisso antes???

A idéia dele é de transformar o espaço visualmente. E o que deu?
 São 13.500m2 de espaço, além dos 45 metros de altura que podem ser utilizados pelo artista.
 Outra particularide de Buren é que cada uma de suas obras nasce DO espaço no qual ele vai ser inscrito. Quer dizer que ele pensa cada uma de acordo com o espaço em que ela vai ser apresentada.
 A luz é outro conceito importante na obra de Buren, que brinca com certos materiais, refletindo ou fazendo sombra, por exemplo, transformando a obra cada instante.
 Aqui encontramos as suas linhas em preto e branco.
Sem contar o aspecto lúdico de poder interagir com a obra, o que geralmente agrada crianças e pessoas que não gostam de visitar "museus" tradicionais.
(desculpem as fotos, que foram tiradas com o celular!)

Dali seguimos para a Exposição "Beauté Animale" (Beleza Animal), igualmente no Grand Palais. Como são espaço distintos, ali sim tivemos que enfrentar uma fila de 1 hora para entrar, mas não chovia, pude avançar na minha leitura, falar um pouco com as pessoas ao redor e o que mais gosto de fazer, escutar as conversas e observar os outros!
Para a nossa agradável surpresa, dentro da exposição não tinha nenhuma multidão, os organizadores preferiam deixar o público esperar do lado de fora e manter um conforto do lado de dentro para que os visitantes pudessem realmente aproveitar. Acho certíssimo até pela segurança.
 Cartaz da exposição, com a bela leoa de Géricault em destaque.

A exposição explora, através de grandes obras desde o século XVI até os nossos dias, a relação de grandes pintores e escultores com os animais. São 120 peças expostas.

A mais antiga é o rinoceronte de Dürer:
Sabemos que um rinoceronte não é assim, mas na época de Dürer não se via rinocerontes pela Europa. Ele por exemplo, nunca viu um!!!

A exposição nos questiona igualmente por que alguns animais são visto como belos e outros feios? Todo mundo considera um cavalo um símbolo de beleza animal, mas por que não um sapo ou um morcego?

Géricault foi um apaixonado por cavalos e encontramos entre as suas obras uma das mais fortes expressões do cavalo.
Nessa aqui ele conseguiu tranformar o animal em praticamente um ser humano.

Picasso conseguiu transformar o sapo em um animal bonitinho e engraçado!!!
 Ou esse morcego de Van Gogh!
 E esse do escultor Cesar. Com a luz, a sombra do "animal" era impressionante!
Vários livros antigos emprestados pelo Museu de História Natural (Paris), da época em que os desenhos dos livros eram desenhados a mão, ou então gravados (sem cor) ou gravados e pintados a mão. Uma fineza de detalhes!!!

Sem contar nossos amiguinhos caninos, como esse de François André Vincent (século XVIII). Encontramos uma senhora diante dessa obra que nos disse que possui cachorros dessa raça e que eles adoram posar durante horas e horas, os artistas adoram, e ela empresta os seus para aulas de arte!

Ou essa escultura em madeira de Jeff Koons (1991):
Esse cachorro não tem mais nada de "natural", ele segue os padrões de beleza atuais! 
Adoro poodle, é meu cachorro preferido, mas aqui na França é uma raça fora de moda e todo mundo ri de quem tem um poodle ou sai na rua com um!!!

Mas se o cachorro é o melhor amigo do homem, já não se pode dizer que o gato teve o mesmo privilégio na história...

Gato em bronze de Giacometti. Foto daqui.

Se você como eu conhece o Bugatti do automóvel, talvez como eu não saiba (até ontem) que seu irmão Rembrandt Bugatti foi um grande escultor. Apaixonado pela fauna e após ter trabalhado em Paris, ele parte ao zoológico de Anvers (Bélgica), considerado o mais importante da sua época. Os animais selvagens eram seus amigos de todos os dias. Porém com a chegada da Primeira Guerra, todos os animais do zoológico foram mortos, ele se engaja na Cruz Vermelha, é contaminado pela tuberculose, retorna à Itália onde se alista. Com as galerias de artes fechando, não recebe mais encomendas nem dinheiro... Reformado, retorna a Paris, vivendo da ajuda financeira do irmão, que ele também está em dificuldades. Ele se suicida em 1916.

E é claro que não podemos falar em animais no mundo da arte sem lembrar do grande escultor Barye com essa obra que o tornou famoso:
Ou o seu leão:
Foto tirada no Louvre.


E não podemos esquecer de Pompon:
Quem não conhece o famoso urso branco de Pompon? 
(fonte aqui)

Gostaram?
Recomendo as duas exposições e recomendo a próxima Noite dos Museus (em maio de 2013, fiquem atentos)!!! Apesar das filas, é uma oportunidade incrível de fazer parte das atividades culturais da cidade. Se o objetivo é economizar, melhor escolher atrações que normalmente são pagas, já que algumas já são gratuitas sempre, como os museus municipais de Paris. Além disso, recomendo lugares realmente espaçosos, como o Grand Palais, Louvre ou Pompidou, que podem acolher muitos visitantes sem ficar desconfortável.

Informações práticas:

Beauté animale
Até 16 de julho de 2012 no Grand Palais, em Paris
Aberto das 10h às 20h. Quartas até às 22h. Fechado às terças.
Ingresso: 11€, gratuito para menores de 13 anos.

Excentrique(s) de Daniel Buren
Até 21 de junho de 2012, no Grand Palais, em Paris
Aberto das 10h às 19h segundas e quartas, de quinta à domingo até meia-noite. Fechado às terças.
Ingresso: 5€ (2,50€ tarifa reduzida)

Precisões: a exposição Buren podia ser fotografada, já Beauté Animale não. A maioria das fotos foram do site http://www.photo.rmn.fr/ ou então a fonte está abaixo. Confesso que não resisti e fotografei os dois cachorros. As esculturas de Barye eu tinha no meu acervo pessoal, de outras visitas.



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