Chicago, uma metrópole fascinante
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Chicago, uma metrópole fascinante


O cênico skyline de Chicago, com destaque para o John Hancock Center

       Apesar de já ter viajado várias vezes para os Estados Unidos, Chicago nunca fez parte da lista de cidades que desejava conhecer, possivelmente pela pouca divulgação turística que recebe entre os brasileiros. A vontade apareceu no ano passado, quando recebi um e-mail com fotos panorâmicas da cidade, que me intrigaram o suficiente para pesquisar na internet (obrigado ao blog Sundaycooks pelas boas dicas). Afinal resolvi incluí-la na viagem de férias que fiz no final de setembro passado, num roteiro cujo objetivo principal era conhecer Boston; Chicago seria o aperitivo. E no entanto, quem diria, o aperitivo acabou superando o  prato principal... Saí quatro dias depois totalmente encantado com o que tinha visto.

O Navy Pier com sua roda gigante

           Chicago é a terceira metrópole em população nos Estados Unidos após Nova Iorque e Los Angeles, com 9 milhões de habitantes na sua área metropolitana, apelidada de Chicagoland. A maior cidade do meio-oeste é sempre comparada a Nova Iorque, sendo por muitos considerada sua eterna rival. A eclética metrópole tem atrações para todos os gostos. À beira do lago Michigan, tem nos passeios de barco pelo rio Chicago e pelo lago um programa muito agradável e bonito. Sua arquitetura, referência nos Estados Unidos, engloba desde magníficos exemplares de fachadas de mais de cem anos atrás até moderníssimos arranha-céus famosos no mundo inteiro, como a Trump Tower e a antiga Sears Tower, por vários anos o edifício mais alto do globo. Também é referência em termos de arte, contando com museus excepcionais de renome e várias obras ao ar livre, espalhadas por suas ruas e parques, que se integram à arquitetura ao redor e conferem um charme único à cidade, tornando muito mais interessantes as caminhadas a esmo pelo centro.

O início da Magnificent Mile

         Chicago conta ainda com uma gastronomia de alta qualidade, mas seu prato típico mais famoso é prosaico - a deep pizza, uma pizza deliciosa com massa extremamente grossa - a borda tem uns 7 cm de altura, lembrando uma torta. Nome de espetáculo musical e de banda dos anos 80, Chicago é também sinônimo de música, sempre associada às melhores apresentações de blues e de jazz. Já nos esportes, o Wrigley Field é famoso pelas partidas de beisebol do Chicago Cubs. Com toda essa mistura, é difícil não se apaixonar pela cidade, que ainda por cima parece ser bastante organizada e superlimpa, com transporte eficiente. Para completar, achei seus moradores bem mais simpáticos e prestativos do que seus congêneres de outras metrópoles norte-americanas.

A bela imagem do rio Chicago ao anoitecer

       É verdade que peguei uma série de dias lindos com temperatura agradável de final de verão, me permitindo aproveitar ao máximo o que a cidade oferece ao ar livre. Durante o inverno o turista sofre bastante com a temperatura abaixo de zero e com o vento congelante que deu a Chicago o apelido nada simpático de "Windy City". Mesmo em setembro cheguei a experimentar algumas vezes uma amostra ao dobrar esquinas a partir do entardecer. 

O Field Museum, um dos principais programas culturais de Chicago

     Seu nome oriundo da língua indígena significa "cebola selvagem", uma alusão às plantas existentes originalmente na área. O primeiro habitante a se estabelecer na área em 1790 foi um comerciante de origem haitiana que dá nome à ponte da Michigan Avenue sobre o rio Chicago. A cidade se desenvolveu rapidamente no século XIX, mas um incêndio pavoroso em 1871 destruiu grande parte das moradias. Dizem que a tragédia foi provocada por uma vaca ao derrubar um lampião, tendo as labaredas se espalhado graças ao vento forte comum na área. Porém o empenho dos habitantes fez com que Chicago fosse rapidamente reconstruída com um planejamento moderno. A cidade floresceu e se expandiu numa velocidade espantosa, aproveitando a localização estratégica no Lago Michigan e a poucos quilômetros da nascente do rio Mississippi, um excelente entreposto comercial. Cresceu tanto que vinte anos depois seu trem elevado foi inaugurado, se tornando um dos ícones pelos quais a cidade é reconhecida. Pois é, já nessa época Chicago apresentava uma das suas características mais marcantes que mantém até hoje: a constante inovação. 

O Millenium Park

        Chicago sofreu um período negro nos anos 1920 e 1930, assolada pela violência das quadrilhas de gângsteres, cujo representante mais famoso foi Al Capone. Por muitos anos a cidade teve a fama de soturna. A situação mudou a partir da década de 60, com diversos investimentos, incluindo a inauguração da estátua por Picasso no centro de Chicago. Esta foi a primeira de uma série de obras de arte de vanguarda que arejaram e transformaram a cidade. Hoje o centro em nada lembra a época conturbada, num esforço governamental de décadas que deu certo, transformando Chicago num dos principais pólos turísticos dos Estados Unidos, além de uma de suas metrópoles com melhor qualidade de vida.

O trem elevado do metrô faz a curva no chamado "loop"

         Assim que aterrissei no aeroporto de O'Hare, o mais movimentado dos Estados Unidos, minha primeira providência foi comprar o passe Ventra, que dá direito a uso ilimitado da rede de transporte público em Chicago por tempo determinado. Adquiri o passe de uma semana por 28 dólares mais 5 pelo cartão na estação de metrô do aeroporto. Como a máquina não dava troco, paguei com cartão de crédito (e me surpreendi com o fato de a máquina não pedir senha, havia esquecido dessa peculiaridade do sistema americano). Usei o Ventra nos instantes seguintes, para viajar do aeroporto ao centro da cidade pelo metrô. Fazendo as contas, pelo número de viagens que fiz, sairia o mesmo valor se adquirisse as passagens individualmente em cada ônibus ou estação de metrô, mas só o fato de não ter que perder tempo comprando a passagem a cada viagem já valeu a pena. O trajeto do aeroporto ao centro durou 40 minutos.

       O sistema de metrô de Chicago é bem abrangente e fácil de usar, com cada linha correspondendo a uma cor, e todas passam pelo centro. O aeroporto O'Hare é a estação terminal da linha azul. A única pegadinha são as linhas que terminam no centro, que utilizam o loop, o anel ferroviário elevado que circunda o centro. Elas vêm do subúrbio, contornam o loop e voltam ao subúrbio, num trajeto circular. A linha marrom roda no sentido anti-horário, enquanto a lilás, a rosa e a laranja adotam o sentido horário. Se você for embarcar numa das charmosas estações do loop, portanto, deve ter cuidado redobrado. Outras linhas, como a própria azul, passam pelo centro sem usar o loop.  Há algumas estações onde os dois sistemas se comunicam através de túneis subterrâneos chamados de pedways.

A rede do metrô de Chicago, com o anel no destaque

         Hospedei-me no Wyndham Riverfront, um bom quatro estrelas situado junto ao rio Chicago a meia quadra do início da Magnificent Mile. O hotel, com um quarto bem confortável, tem uma localização excelente, que me permitiu ir a pé à maioria das atrações da região central de Chicago. Um alerta: os hotéis com visão para o rio costumam cobrar mais caro pelos quartos com a vista. Achei besteira pagar mais caro por isso e fiquei num quarto de fundos.

          Dedico os próximos posts às visitas às muitas atrações de Chicago, a maioria das quais gostei bastante.

 Posts publicados da série:
  • Passeio de barco em Chicago
  • Cinco atrações em Chicago
  • As obras de arte nas ruas de Chicago
  • Os parques de Chicago


 Postado por  Marcelo Schor  em 31.01.2015 



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