Bosque Petrificado de Sarmiento
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Bosque Petrificado de Sarmiento


Estou há duas noites a dormir em autocarros. Estou toda partida. Sento-me e os olhos fecham-se. A mochila parece que pesa toneladas, ou melhor, as mochilas! São 15.30h quando chego a Sarmiento. É só transferir as mochilas do autocarro para um táxi e rumar ao Bosque Petrificado de Sarmiento, a razão que me trouxe aqui.
Como a povoação de Sarmiento é bastante pequena, não existem serviços organizados para visitar o bosque, e muito menos transporte público, já que o local se situa no meio de uma área bastante árida e despovoada. Pago 100Ar pelo táxi. Não é nada mau, no posto de turismo falaram-me em 150Ar! O táxi leva-me e espera-me cerca de uma hora e meia para depois regressar a Sarmiento.
O vale de Sarmiento é a única região fértil numa área de estepe patagónica onde se vêem mais extrações petrolíferas do que pessoas ou veículos a passar na estrada. O rio Senguer e os lagos Musters e Colhué Huapis fertilizam o vale e permitiram o desenvolvimento da povoação que hoje não ultrapassa os 13 mil habitantes.
O bosque fica a cerca de 30km da povoação, dos quais mais de 20km são por estrada de terra e cascalho. Demoro cerca de uma hora a chegar ao meu destino. O sol já está a baixar e as cores são maravilhosas. Pago 20Ar pela entrada no parque e o guarda-parques avisa-me que não posso trazer qualquer pedaço de madeira petrificada. É considerado um delito muito grave e eu serei revistada no final da visita.
Esta paisagem árida corresponde a formações sedimentares com cerca de 65 milhões de anos. Aqui ficaram acumuladas centenas de troncos de árvores que foram trazidas por torrentes das regiões montanhosas que se situam a oeste. Os troncos variam entre um metro e, os maiores, com cerca de 100m de comprimento. As espécies dominantes são as coníferas mas também existem troncos de palmeiras. Na altura, entre os 75 e os 65 milhões de anos atrás, esta área fazia parte de um extenso delta tropical do rio Senguer. A madeira petrificada é vulgarmente designada por calcedônia, que corresponde a madeira silicificada. Sendo assim, tráta-se de um processo de fossilização que transforma a matéria orgânica em rocha devido ao incremento de sílica (quartzo). É determinante haver um ambiente rico em água para que os poros existentes na madeira vão absorvendo a solução aquosa rica em silica. A silica penetra na estrutura do troco e vitrifica-o, impedindo o apodrecimento. O que acontece frequentemente é ver-se parte da árvore petrificada e uma parte que desapareceu. Isto significa que apenas parte do tronco foi petrificado. O resto dos troncos acabaram por petrificar em bocados muito pequenos que cobrem o solo.
Caminhar pelo meio desta floresta petrificada é um sonho. Sempre ambicionei conhecer um local assim. Caminho sobre o que foi matéria orgânica há milhões de anos atrás. O chão está repleto de madeira petrificada. Volto a Sarmiento. Aguardo 6 horas no terminal pelo autocarro que me levará a Esquel, numa nova viagem de 7 horas. Mais uma noite a dormir no autocarro. No entanto, sinto-me completamente realizada. A minha visita à Patagónia esquecida pelo turismo tem sido altamente recompensadora.



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