Besançon sous la pluie*
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Besançon sous la pluie*


(*Besançon com chuva)

No final de fevereiro aproveitei um final de semana para conhecer a cidade de Besançon, que fica no leste da França, em uma região que se chama Franche-Comté (Comté também é um queijo muito conhecido e delicioso fabricado na região!). Quando escolhi esse destino não sabia o que iria encontrar, mas acabei escolhendo pois ainda não conhecíamos nadinha dessa região.
A cidade é rodeada pelo rio Doubs, com uma cor linda e é rodeada igualmente de pequenos montes e um pouco mais longe pelas montanhas que formam o massivo do Jura (formadas no período jurássico, daí o nome), uma cadeia de montanhas que culminam em 1.720 metros (ao norte dos Alpes).
Besançon é renomada pela sua qualidade de vida, pelo seu patrimônio histórico e cultural e por sua arquitetura única. Em termos arquitetônicos, a cidade é toda construída em pedra de Chailluz, uma pedra calcária da região de cor amarelada, com manchas entre o azul e o cinza. Dizem que quando o tempo está seco a cor é cinza/azul, e quando chove, com a absorção da umidade, a pedra se torna cada vez mais amarela.
Uma das principais atrações é a Citadelle de Besançon, construída de 1668 a 1688, um projeto Vauban - engenheiro, arquiteto militar, urbanista ensaista francês, percursor do iluminismo, foi nomeado por Luís XIV como Marechal da França, mas no fim da sua vida criticou o sistema social francês dos anos de miséria que caracterizaram o final do reino de Luís XIV. Ele criou ou aumentou cerca de 180 fortes na França e seu mausoléo com o seu coração está localizado em Paris (nos Invalides) e pode ser visitado. Melhor contar no mínimo 4 horas para visitar a Citadelle, pois a mesma é enorme (espalhada por 11 hectares) e ainda conta com 3 museus e um jardim zoológico.


A esquerda, escultura de Pierre Luc representando Vauban.

Besançon foi uma cidade importante na época galo-romana, fazendo parte da rota de Roma. No século XIX o arqueólogo Castan encontrou vestígios dessa época. Podemos atualmente visitar uma praça arqueológica (Square Castan) que foi organizada no local, e o mais impressionante são as 8 colunas de ordem coríntia que nos dão uma idéia da amplitude do momumento que existia na época. Ali pertinho fica a Porte Noire, um arco do triunfo construído por volta do ano 175 d.C em homenagem ao imperador romano Marco Aurélio. Infelizmente a mesma não pode ser vista atualmente, pois ela sofre um minucioso e dificílimo trabalho de restauração e está totalmente coberta (ceratmente voltarei quando a restauração estiver concluída!)

Besançon é também lembrada por alguns personagens importantes nascidos lá, como o famoso escritor francês Vitor Hugo (cuja principal obra talvez seja "Os Miseráveis") e os irmão Lumière, inventores do cinema.

Cena muito famosa do primeiro filme cômico, L'arroseur arrosé pelo escultor Pascal Coupot.

Eu não poderia deixar de compartilhar com vocês um pouco da culinária da região (ou então no seria eu!).
Os pratos usam muito os queijos da região (comté, morbier, mont d'or, cancoillotte, edel de Cléron) derretidos com batatas e todo o tipo de presuntos e linguiças da região (saucisse de Morteau, por exemplo). A saladinha é para nos deixar com menos peso de conciência!.

O que visitar:

- Museu de Belas Artes e de Arqueologia: um dos mais antigos museus franceses, com obras primitivas e da Renascença italiana, obras de Fragonard, Boucher e Courbet. Do ponto de vista arquitetônico, o museu foi modernizado pelo arquiteto L. Miquel, aluno do famoso arquiteto francês Le Courbusier. Gratuito aos domingos.

- Palais Granvelle / Museu do Tempo: um prédio construído entre 1534 e 1540 na época do Imperador Charles Quint que nos lembra os palácio italianos do século XV. Foi totalmente transformado em Museu do tempo, pois a região foi um pólo muito importante da insdústria de relógios. Gratuito aos domingos.

- Hôtel de Ville (prefeitura): concluído em 1573. aos finais de semana funciona também um serviço  informações turísticas.

- Igreja São Pedro: em frente à prefeitura, concluída em 1786.

- Catedral Saint-Jean: sem fachada principal, entramos pelo norte por um portal do século XVIII. Ao interior nos deparamos com uma harmoniosa integração entre o estilo romano (século XII) e gótico (XIII). A catedral possui um uma coleção de pinturas das quais 35 são classificadas como momumento histórico e abriga um relógio astronômico com um mecanismo de 30 mil peças construído sob medida a cerca de 150 anos.

Fiquei muito emocionada com essa obra de Domenico Cresti (1630) que nos convida à reflexão e à oração.

Parte traseira do relógio.

Atenção ao lindo mosaico no solo.
- Hospital Saint-Jaques: possui uma das mais belas farmácias antigas da França (séculos XVII e XVIII), que pode ser visitada.

- Templo e Galeria do Santo Espírito: antigo hospício, a igreja se tornou templo protestante a partir de 1842. No pátio interno, linda galeria de madeira escultada (fin do séc XV e início do XVI)

- Igreja Santa Madalena, do século XVIII:


- Hôtel Grammont, construído no século XVII.

- Sinagoga, construída em 1869, que infelizmente só vi à noite, imponente e iluminada. Não podemos fazer tudo!



Endereços:

Infelizmente não consigo achar a minha listinha de restaurantes, acho que Sylvain jogou fora nas arrumações do último sábado, mas aqui seguem algumas dicas que não esqueci de jeito nenhum!

Restaurante La Grange (17, avenue Cusenier): ambiente de montanha e especialidades como fondues, queijos derretidos, etc. Só conseguimos reserva para às 19h e o responsável depois nos contou que aos finais de semana eles chegam a recusar 400 clientes (mas pretendem abrir uma filial para dar conta da demanda)

Na rue Bersot existem diversos restaurantes acessíveis e simpáticos, excelentes para o almoço. Podemos escolher une Assiette franc-comtoise (um prato bem servido como visto nas fotos acima) entre 7,50 € e 9,50€

Brasserie du Commerce (31 Rue des Granges), com uma linda decoração do início do século (passado), excelente endereço para uma pausa no final da tarde. Aberto inclusive aos domingos. Como eu estava um trapo após horas na chuva visitando a cidade, fungando e morrendo de frio, pedi uma sopa de cebola por 5€ e para espantar o resfriado que estava me rondando. Sylvain pediu um crepe e chocolate quente.



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